30 junho, 2006

Portugal - Holanda

Ora aqui estou eu para comentar a passagem de Portugal aos quartos-de-final. Desculpem o atraso (eu sei que deve custar andar sempre aqui a ver quando posto, mas ao contrário de muito boa gente eu tenho vida), mas ainda vou a tempo de dizer o que penso.

Ora bem, quanto ao jogo em si quase tudo já foi dito nos últimos dias: porrada, porrada, porrada e muito pouco fair-play. Foi "quentinho" e eu gostei por isso.
Maniche marcou depois de uma grande jogada (aleluia!) e finalmente relembrou-nos o que já foi capaz de fazer (é lixado ter que fazer pela vida não é? Vá, arranja lá um contrato fixe para fugires da Sibéria). Depois a Holanda mandou uma bola à barra (lá estava a Caravaggio para proteger o pessoal) e pouco mais de futebol se viu (eu ainda vi um pontapé do Nuno Valente ao Robben tipo Kill Bill em plena área mas fui só eu porque nem se sabe muito bem o que o árbitro marcou para anular a jogada e ninguém fala disso).
Portugal controlou o jogo, soube lutar até ao fim (uns tiveram que ficar pelo caminho porque aquilo já estava a ficar cansativo e nos balneários há um jacuzzi porreiro - não é Costinha?) e mereceu a vitória.
Se acham que ando a engolir muitos sapos, enganam-se. Não tive uma só surpresa nos oitavos-de-final, então quando vi a Holanda a entrar no jogo de nervos no qual somos peritos (volta João Pinto, estás perdoado) tive a certeza que estava no papo. De resto, não mudei de opinião em relação a nada. Não sou de torcer contra Portugal no Euro2004 e agora vibrar com praticamente os mesmos jogadores. Sou coerente e, como tal, continuo neutra nisto de Mundial.

Entretanto, nos últimos dias, Portugal entrou numa de conversa de putos: "foi a Holanda que começou!" enquanto os holandeses se auto-criticaram. É engraçado que isto aconteça sendo que nós temos um historial de fair-play que fala por nós e a escola holandesa é um exemplo mundial de bom comportamento. Mas isto não interessa para ninguém porque o 1º a dar foi o não sei quantos ao Cristiano Ronaldo e o menino teve que sair (e ele até estava a ser tão determinante!). A única coisa positiva disto é que assim tivemos com que abrir os telejornais a semana toda: Cristiano Ronaldo está quase a 100% - uma informação fundamental para o país.
Era vermelho directo, é verdade. O Costinha foi burro que deus me livre, é verdade (mas ninguém fala disso fora os anti-portistas como se isso nos afectasse imenso). Não tiveram fair-play na jogada que antecede a troçada do Deco para vermelho directo, é verdade. Mas eu pergunto-vos: quantas vezes não gritaram aos vossos jogadores "SEGUE ESSA MERDA" quando a outra equipa está a empatar tempo? Ah,pois... Não é bonito pois não? Mas todos fazemos isto. Eu não sou adepta da selecção portuguesa e muito menos da holandesa, e por isso mais facilmente tenho capacidade para pensar nestes pormenores, enquanto o país se revolta com a imagem do Deco a levar o 2º amarelo quando já devia estar cá fora.

Resumindo: foi feio, demasiado duro e deu-nos mais uma vez má imagem. Mas eu até gostei. Pelo menos deu pica! Já que os três primeiros jogos só davam para adormecer ao menos neste fiquei colada até ao fim.

E agora segue-se a Inglaterra, um velho conhecido que no campeonato da arrogância já ganhou aos pontos. Não há Costinha, não há Deco (adorei um inglês que disse "No Deco, no Portugal" - dava um grande slogan para o que é esta selecção) e o Scolari vai ter de inventar (medo...).
Vamos lá ver se continuamos numa de arrumar com os ingleses em tudo o que é prova. Mas lembrem-se que os espanhóis começaram o último jogo com OLÉS aos franceses e depois foi o que foi.

Estou a ressacar de bola "a sério". Venha mas é o campeonato!

24 junho, 2006

Portugal - México

Não tenho grande coisa a acrescentar ao que já disse sobre Portugal e sobre este grupo.
Gostei da jogada do 1º golo (o Simãozinho e o Maniche nem estão desesperados à procura de clube nem nada...), gostei do jeito do Ricardinho (porque este nunca me desilude) e gostei da frescura do Figo.

Vá lá que vem aí a Holanda e já sabemos que com estes temos sempre hipóteses.

19 junho, 2006

Portugal - Irão

Estou a gostar deste Mundial. De 90 não me lembro de nada, de 94 lembro-me de torcer pela Itália nem sabia porquê, de 98 lembro-me da pouca qualidade, de 2002 lembro-me dos roubos de arbitragem. Este, não sei porquê, mas tem sido diferente.
As grandes equipas estão todas lá e, à excepção de um ou outro deslize que ainda vão a tempo de ser corrigidos, ganham e convencem. Viram a Argentina? Parece fácil jogar assim...
Os grandes jogadores também dão nas vistas. Olhem o Brasil. Não joga nada, é assobiado e tal. O Ronaldinho passa para o Ronaldo como quem não quer a coisa, o gordo troca-se todo com a bola e passa para o Adriano, e este quase nem precisa de se mexer para pô-la no sítio certo.
Os "pequenos" tentam milagres e, apesar de ainda não terem havido grandes surpresas, dão sempre luta. Ainda hoje o Togo perdeu 2-0 com a Suiça mas quem viu sabe que o resultado engana, até porque não foi assinalado um penalty a favor do Togo. Ou então falemos do Gana, que deu uma lição de futebol aos "grandes", quando a ganhar um jogo determinante continuou a dar espectáculo (à sua medida, claro) e a jogar para marcar.

Acima de tudo, tenho gostado de ver futebol. Gosto do atrevimento do Equador, da simplicidade da Alemanha, do pragmatismo da Inglaterra, do espectáculo da Argentina, da objectividade da Holanda, da união da Itália, da maluqueira do Gana, da táctica da Austrália, do Brasil que é sempre o Brasil, da "velha" França (com velhos como Zidane, Henry e Vieira quem é que precisa de gente nova??), da jovem Espanha, da persistente Coreia do Sul, da organizada Tunísia e de todas as selecções cujos resultados não têm sido grande coisa mas que mostram que têm a lição bem estudada.

Neste Mundial, a única coisa que se dispensava, para mim, era o grupo D. O México, "o favorito", não tem metade do valor de outros Méxicos. Angola é aquilo que toda a gente sabe: 11 gajos cheios de vontade e, pronto, é só isso. O Irão já é mais organizado e tal, mas também não passa disso. E há Portugal, "o quase campeão mundial" para os portugueses, que ainda deve estar para perceber como é que estes adversários conseguiram o passaporte para o Mundial.
Sinceramente, mete dó ver os jogos deste grupo. Ainda não se viu aqui uma grande equipa, um jogador que se destaque, tácticas ou técnicas supreendentes. Porra, para o melhor golo marcado neste grupo foi preciso o Deco escorregar!
Eu, que tento ver todos os jogos, não imagino o que pensam os estrangeiros que fazem o mesmo quando estão a ver estes jogos. Deve ser complicado para um Sérvio saber que tem uma grande equipa, ir parar ao grupo C quando o D é já ali à beira.
A sério, alguém me explica como é que uma Costa do Marfim é eliminada quando jogou nas duas partidas bem melhor que o México? Como é que sai a fava a uma Ucrânia que leva 4 da Espanha, mas Angola tem direito a dar luta? Como é que o Uzebequistão não está no Mundial, mas o Irão está? Como é que o Brasil é criticado e Portugal é elogiado?

Dizem que Portugal jogou melhor; eu acho que a única diferença de um jogo para o outro se chama Deco. Dizem que nunca tínhamos sido apurados tão facilmente e há valor nisso; eu acho que nunca ninguém esteve com Angola, Irão e México no mesmo grupo. Dizem que o mérito é do seleccionador; eu acho que trocar o Maniche pelo Petit, o Deco pelo Tiago e o Figo pelo Simão num jogo como este foi de génio para quem ganha meia dúzia de tostões. Dizem que podemos chegar longe porque temos dos melhores jogadores do mundo; eu acho que o Figo está lá pela selecção e o Cristiano Ronaldo gosta mais das quinas do que da Merche.

Bem, espero que ao menos sirvam para deixar o México passar, porque se Angola vai aos oitavos o Mundial perde toda a credibilidade competitiva.

P.S. a conclusão é que, se o Scolari estava a rezar à Nossa Sra. do Caravaggio durante o sorteio, então ela é mesmo uma gaja cheia de sorte e qualquer dia começo a acreditar na fé.

13 junho, 2006

Angola - Portugal

Em primeiro lugar, peço desculpa pela ausência de posts nos últimos tempos mas não há tempo para tudo.
Mas mesmo hoje (vou ter exame daqui a umas horitas) não podia deixar de vir aqui falar deste grande confronto do futebol mundial.

Nas últimas semanas não se falava de outra coisa. Não há problemas no país, ninguém quer saber de medidas governamentais, taxas de desemprego ou pobreza. Só dá selecção. Isto apontado por alguém fanático por futebol pode soar a falso, mas é que só no Domingo é que eu percebi como andava enganada.

Ora vejamos, na selecção de Angola encontramos jogadores das divisões secundárias portuguesas, jogadores de grandes clubes angolanos como o... esse(!) e até desempregados. Se calhar bastava dizer que a grande referência desta equipa (pelo menos para nós) é o Mantorras mas eu gosto de complicar.
Mas nos últimos tempos Angola teve tempo de antena que nem durante a guerra colonial teve direito. Os angolanos foram analisados um a um pelos meios de comunicação, as reportagens sobre os palancas multiplicavam-se e os portugueses convenceram-se que Domingo iam assistir a um grande jogo. Foi quase isso.

Meia dúzia de segundos de jogo e Pauleta atira ao lado. Até aqui, tudo normal num grande jogo.
4 minutos e Figo ultrapassa um adversário em corrida(!!), passa para Pauleta e este marca (!!!!). Pronto, foi-se o sonho português. Aquilo não podia ser um jogo a sério!
Há quem diga que até aos 10 minutos Portugal dominou por completo, como se não estivéssemos a falar de uma partida que durou 90, mas pronto. Eu não vi domínio nenhum, basta ver que Angola durante esses 10 minutos conseguiu passar o meio-campo com um pontapé para a frente (trocar a bola não é fácil).
O resto do jogo, sim, provou-me que era mesmo a sério. Portugal não jogou nada, o Pauleta desapareceu, o Cristiano Ronaldo quase que batia em alguém quando foi substituído, Scolari fez umas substituições brilhantes, etc etc. Tudo perfeito.
Mantorras entra e milhões de portugueses ficam na dúvida se hão-de festejar aquilo como se de um golo se tratasse. Eu acreditei nele, mas infelizmente estávamos num jogo a sério e nem uma finta ele fez.
E assim se resume este clássico mundial, só para verem como fomos todos enganados.

Terminado o jogo (e o sofrimento de me manter acordada a ver aquilo), pensei: "coitado do Scolari, já vai ouvir umas bocas. O gajo ganha a Angola por 1-0 (!) e ainda vai ter de aturar. O futebol é muito injusto". Mas não, mais uma vez fui enganada.

Pelo que li e vi, Portugal ganhou bem e controlou o jogo. Não interessa o que vale Angola, não interessa o que se jogou (ou, melhor, o que não se jogou), não interessa que se acabe com 3 médios a defender para segurar o resultado. É verdade, são os 3 pontos que contam no final dos 90 minutos. Mas quando o meu clube está numa competição onde não se pode falhar e joga assim, mesmo que ganhe eu fico no mínimo preocupada para os próximos jogos.
Mas isso não interessa nada. O pessoal quer é festa. O que interessa agora é ir para a Praça da Alegria com um cachecol, uma bandeira e uma camisola, fazer um telejornal em directo de uma terra qualquer alemã onde há muitos portugueses, passar pelo Portugal no Coração e pedir à Merche para acalmar o Ronaldo, ver as notícias de mais uma saída nocturna dos jogadores e esperar pelo próximo portento, o Irão.
Porque não há problemas no país, mas há uma selecção que nos entusiasma imenso!