No rescaldo do Mundial de 2006, que para mim ficará marcado pelo decrescer de entusiasmo, proponho uma análise dos participantes.
Os que não passaram a 1ª fase:
Costa Rica - 3 derrotas e muito pouco futebol. Uma das selecções que se dispensava do "cartaz".
Polónia - A derrota com o surpreendente Equador ditou o destino de uma das equipas mais fortes fisicamente deste mundial. Os polacos estavam bem organizados, mas a falta de talento técnico foi notória.
Paraguai - As derrotas pela margem mínima contra a Inglaterra e a Suécia tornaram inglório o esforço desta equipa tipicamente sul-americana.
Trinidade e Tobago - O empate contra a Suécia foi suficiente para fazerem a festa. Pouco mais se viu desta selecção.
Costa do Marfim - Havia alguma expectativa em torno do Drogba e companhia, mas o grupo era mortífero e, apesar de jogarem bem, não tiveram hipótese.
Sérvia e Montenegro - Outra selecção injustiçada pelo grupo em que calhou. Bons jogadores, boa táctica... e a maior goleada de uma Argentina perfeita. A divisão territorial recente prejudicou certamente o balneário.
Irão - Ainda estou para perceber como é que foi parar aqui.
Angola - Idem idem aspas aspas. A pior selecção deste Mundial.
EUA - Uma decepção depois da boa campanha em 2002.
República Checa - A prova de que em 2004 a geração de ouro checa perdeu talvez a grande oportunidade de fazer história. Grandes jogadores, um motivador jogo inaugural, mas um Gana espectacular e uma Itália mortífera não deixaram Nedved ir mais longe.
Croácia - Não se pode dizer que tenha jogado mal ou que tenha tido péssimos resultados, mas mesmo assim ficou pelo caminho. Não há espaço para todos.
Japão - As derrotas inquestionáveis com a Austrália e com o Brasil, mostraram que esta equipa não merecia passar esta fase.
Coreia do Sul - A equipa afastada nesta fase com mais pontos (4). Depois de uma prestação que teve tanto de surpreendente como de falsificada em 2002, a Coreia voltou a mostrar algum valor.
Togo - 0 pontos e muito pouco futebol.
Tunísia - Incapaz de passar este grupo.
Arábia Saudita - Dispensável.
Os que se ficaram pelos oitavos-de-final:
México - Uma 1ª fase muito fraquinha compensada por um jogo muito bom contra uma Argentina espectacular.
Suécia - Uma equipa abaixo das expectativas, que acabou por passar a 1ª fase com uma derrota tangente e injusta sobre o Paraguai. Derrotada pela selecção anfitriã que nesta altura parecia imbatível.
Holanda - Uma 1ª fase muito "morna", com duas vitórias justas, mas não muito entusiasmantes. Derrotada por um tiro de Maniche.
Equador - Depois de uma 1ª fase surpreendente e entusiasmante, foram derrotados pelo pragmatismo inglês. Uma das selecções "vencedoras" deste Mundial.
Austrália - Outra das grandes supresas. Uma organização exemplar e um conhecimento exaustivo dos adversários valeram-lhe uma presença merecida nos oitavos. Derrotados por um penalty inexistente.
Suiça - Saíram do Mundial sem sofrer um golo no tempo regulamentar. Muito bem organizados, souberam colmatar a falta de grandes estrelas. Eliminados nas grandes penalidades, fica a expectativa de boas prestações nos próximos torneios.
Gana - Ao derrotarem os EUA e a República Checa de forma tão inquestionável e entusiasmante, mereçaram os oitavos. Mesmo com uma derrota pesada frente ao Brasil, saíram da Alemanha com muitos motivos para festejar.
Espanha - Na 1ª fase foram uma das melhores equipas. Muitos jovens, com vontade de provar o seu valor ao Mundo. Um Torres que já não precisa de provar nada. Tiveram azar ao apanhar uma selecção que precisava de provar que continua a ser das melhores. O futebol praticado pelos espanhóis merecia mais.
Os que não passaram dos quartos-de-final:
Argentina - Impossível não torcer por esta equipa. Jogos alucinantes, golos inesquecíveis e um ritmo sul-americano contagiante. Foram eliminados nas grandes penalidades depois de um jogo a controlar os anfitriões. O golo de Maxi Rodriguez vai servir para mostrar às próximas gerações porque é que toda a gente queria que esta Argentina fosse mais longe.
Ucrânia - Depois de uma 1ª fase de altos e baixos e de uns oitavos ultrapassados com alguma sorte, demonstrou frente à Itália que se calhar não devia ter chegado tão longe.
Brasil - A grande desilusão. Quando nem Ronaldinho, nem Kaká, nem Ronaldo (e por aí fora) aparecem, o Brasil mostra que não tem equipa para superar as evidentes quebras individuais. Pagaram o preço de terem dos melhores jogadores do mundo, muito cansados no final de mais uma época ao mais alto nível. Eliminados por uma França que mostrou que estava ali para ganhar.
Inglaterra - Passou a 1ª fase e os oitavos sem precisar de jogar muito. Encontrou mais uma vez uma selecção inspirada nas grandes penalidades.
O quarto classificado:
Portugal - Entusiasmou um país mas não chegou ao pódio. O futebol praticado não chegou para os franceses e os alemães. Mesmo assim, foi ultrapassando os obstáculos.
O terceiro classificado:
Alemanha - Impressionante a forma como um grupo de miúdos foi capaz de chegar tão longe. Na 1ª fase e nos oitavos, foram entusiasmantes e exemplares. Com a Argentina e com a Itália, pareceram acusar a pressão e recuaram mais, diminuindo a qualidade do futebol praticado. O 3º lugar acabou por ser o prémio de consolação, já que contra Portugal demonstraram ser muito melhores.
O segundo classificado:
França - Começou por desiludir, mas acabou por dar uma lição aos que os apelidaram de "velhos". O futebol praticado foi aumentando de qualidade e, depois de eliminarem a Espanha, o Brasil e Portugal, acabaram por cair apesar do domínio no tempo regulamentar. Apesar dos grandes jogadores, mostraram que o mais importante é ter uma grande equipa. Fica na memória o adeus invulgar a Zizou.
O novo campeão do mundo:
Itália - Mais "atrevida" do que o normal, mas sempre segura na defesa e entusiasmante no ataque. Foi passando sem dar muito nas vistas, mas contra a Alemanha mostrou que estava ali para ganhar. Teve em Cannavaro o melhor exemplo do mérito com que alcançaram a Taça. Acabou por vencer onde perdia sempre: nos penalties. Uma vingança de muitos anos.
No geral, retive o facto das equipas, ao longo do torneio, começarem a jogar cada vez mais pelo seguro e, como tal, fomos assistindo a jogos cada vez menos entusiasmantes. Se por um lado se compreende, não me digam que não pagavam mais depressa bilhete para verem a Argentina ou a Espanha da 1ª fase.
E se tivemos grandes equipas e grandes jogadores (Cannavaro, Zidane, Podolski, Torres, Messi...), a verdade é que os grandes culpados por este amargo de boca foram os treinadores. Não houve um que surpreendesse, não houve um que arriscasse, nada. Fora Klismann que construiu uma equipa entusiasmante por ele próprio (mas que acabou por perder quando teve medo do adversário), fora Guus Hiddink que pegou em jogadores longes de serem craques e fez um conjunto sólido (mas que, mesmo assim, não foi capaz de ultrapassar um adversário melhor) e ainda talvez Lippi que conseguiu tirar proveito dos jogadores que tinha sem precisar de os pôr todos atrás da bola (mas que, bem vistas as coisas, também não os fez produzir nenhum espectáculo), a verdade é que nenhum treinador foi responsável pelo entusiasmo dos adeptos. E se isso nos passa um bocado ao lado, porque num Mundial nem temos tempo para pensar no futebol praticado, a frio custa-nos admitir que podiamos e deviamos ter visto melhor.
Em 2010 há mais.
17 julho, 2006
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4 comentários:
Faltou sangue frio á suiça, tres penalties falhados é muito mau.
O grande ausente deste Mundial foi a Turquia, quem sabe se não surpreendia?
Completamente de acordo com a análise. Bom, e agora que venha o futebol a sério ;-)!
Boas bLuE CaTaRiNa... visitei o teu bLog e deixa-me que te diga... tà memo à Dragona.. parabéns!
Pedia-te só uma coisa, deixa lá agora as Portuguezices e vamos mas é falar da nossa paixão e do nosso amor ao Mágico FC Porto... aceitas o repto?
Há quem seja viciado em álcool, em drogas, em mulheres ou no jogo...
Eu, apenas sou viciado no FC PoRtO!!
Akela jOkiNha pá bLuE bAbE cá do sítio...
http://bibo-porto-carago.blogspot.com/
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