Sem Deco e Costinha, Scolari põe Petit e Tiago. Se a troca até é aparentemente óbvia, pareceu-me que faltou muito trabalho técnico porque Portugal jogou toda a partida sem um organizador de jogo. Tiago não sabia se tinha que "fazer de Deco" ou "fazer de Maniche" enquanto o Maniche "fazia de Deco". Nem sequer foi inteligente ao ponto de pôr o Figo no meio e pôr o Simão de início ou dar a tarefa de organizar ao próprio Simão e deixar estar o Figo quietinho no seu canto, como ele gosta.
Sendo assim, faltou o elo fundamental para ligar a equipa e, como tal, foi ver Pauleta sem bola o jogo todo (o que não é, bem vistas as coisas, uma grande novidade).
Mesmo assim, Portugal jogou bem e criou oportunidades. Do outro lado, a Inglaterra parecia mais bem organizada mas o facto é que o perigo ia sendo equilibrado.
Os 90 minutos, embora sem golos, tiveram boas jogadas e houve vários jogadores que se destacaram. Do lado português, Ricardo Carvalho é aquele adivinho que toda a gente sabe. Do lado inglês, Hargreaves foi perfeito.
Rooney foi bem expulso e só mostrou que para se ser um dos melhores não basta dar uns toques. Também é nisto que se distinguem os muito bons dos brilhantes.
No prolongamento, a Inglaterra continuou a dominar (se é que se pode chamar àquilo domínio) mas Portugal também teve boas hipóteses.
Nos penalties, Ricardo defendeu muito bem o de Lampard e depois foi vê-los a enterrarem-se, embora o Hugo Viana e o Petit ainda tenham contribuído para meia dúzia de ataques cardíacos.
Portugal está nas meias-finais. Ao contrário de muita gente que me rodeia, eu continuo exactamente com as mesmas opiniões e, como tal, sou coerente ao ponto de continuar neutra. Felizmente ou infelizmente, o problema é que a selecção nunca mexeu nem mexe comigo, por muito longe que eles cheguem ou por muito que os outros países nos piquem. Se este jogo envolvesse o Porto eu tinha morrido, mas com a selecção mal me enervei. Já tenho sido criticada por pessoas que começaram este Mundial anti-Portugal e agora vão para o Castelo do Queijo de cachecol e bandeirinha vibrar. E isso sim, irrita-me. Tal como me irrita explicar tudo isto aos milhões de pessoas que não percebem um crl de futebol, que passam o ano sem falar de bola e que agora são todos uns malucos pela selecção. Pior, já se acham no direito de me dizer "por muito que o critiques, tens que admitir que o Ricardo foi um herói" (como se eu alguma vez criticasse o meu Ricardinho e como se dois jogos contra a Inglaterra na vida dele justificassem toda uma carreira) ou então "tu não gostas dele porque ele se chateou com o Porto, mas tens que admitir que o Scolari é um grande treinador" (como se eu me chateasse com o facto de ele não gostar do Porto e como se os resultados - que até agora, relembro, são zero em termos de títulos - justificassem o não ver jogos, o não procurar jogadores, as substituições brilhantes, etc etc) ou ainda quando me vêm com expressões futebolísticas que aprenderam há meia dúzia de dias.
Detesto o típico adepto da selecção mas detesto ainda mais os adeptos de ocasião. Detesto esta gente que não percebe nada de futebol e que vem dizer-me que "Portugal é a selecção que joga melhor neste Mundial", que não sabe o que é ir à bola mas que está sempre batidinha no Castelo do Queijo.
Detesto esta onda nacional de idolatrar cegamente aqueles gajos que correm por prémios de jogo e que voltam à selecção para conseguirem um contrato. Detesto que neste país não se possa dizer que O FIGO NÃO ESTÁ A JOGAR UM CRL e O CRISTIANO RONALDO ESTÁ A PENSAR É NA MERCHE E NO REAL MADRID. Detesto que não se questionem as opções. Detesto os programas de televisão, todos em directo da Alemanha, com as Merches e os Malatos cheios de cachecóis e a dizerem que "o Ricardo deu uma lição a quem duvidava dele" com tanta convicção como se estivessem a dizer que o céu é azul. Detesto que digam "nunca sofri tanto como neste jogo" quando sabem lá o que é sofrer como eu num estrela da amadora-Porto.
Mas numa coisa isto tem sido bom: a imprensa portuguesa aprendeu finalmente a deixar de ser politicamente correcta. Foi preciso picar esta selecção para finalmente responderem aos arrogantes dos ingleses e dos franceses. Ainda hoje vi a capa do Jogo chamar idiota a um jogador francês e pensei: "hum... se quando o Fergunson chamou teatreiro ao Baía isto fosse assim então o nosso jornalismo estava finalmente no bom caminho".
Segue-se a França. Se a Caravaggio não nos deixar agora, acredito que Portugal tem condições para ganhar.
P.S. Relembro aos mais distraídos que isto é um blog pessoal. Aqui escrevo o que penso e assumo a responsabilidade por isso. Dou a cara sem qualquer problema e sou capaz de admitir que erro. Se alguém, por algum motivo, acha que eu não percebo nada de futebol e não mando uma para a caixa, a blogosfera é muito grande, escusam de andar sempre por aqui.
04 julho, 2006
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7 comentários:
É, devo estar a precisar de mudar a graduação porque para mim o Figo é um gajo que se arrasta desde os 4 minutos do jogo contra Angola.
Quanto ao "não perder o meio campo", o Koeman com o Lille também não o quis perder e então jogou com 4 centrais e 3 médios defensivos. Tu até podes ficar bem com isso, eu ambiciono mais do futebol.
A menina não aguenta uma critica...tadinha.
O que tu queres sei eu...
Viva o Deco !
k atraso ....toma rennie k isso passa...FORÇA PORTUGALLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL..o 3º lugar tem de ser nosso...PORTUGAL SEMPRE!!
Muito bom post. Assino por baixo...
Depois de Angolano desde que nasceu, Iraniano desde que nasceu, Mexicano desde que nasceu, holandês desde que nasceu, Francês desde que nasceu, este johnny deve ser alemão desde que nasceu.
A não ser que interesse vender uns bilhetinhos claro... Tu deves é ser parvo desde que nasceste isso sim!
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