01 junho, 2007

Gato Fedorento

Quem me conhece sabe que sou grande fã dos Gato Fedorento. Adorei as primeiras séries, onde criticavam implicitamente pormenores da nossa sociedade e acompanhei com agrado a evolução até uma crítica mais directa.
Em "Diz que é uma espécie de maganize", atingiram o maior indíce de popularidade e não conheço ninguém que não tivesse visto nenhum programa deste formato. Não duvido que isto é o melhor humor que se faz hoje em dia em Portugal.

No entanto, fazer rir criticando tem os seus problemas. Um deles é cair na piada fácil. Outro é bater no ceguinho. Os Gato Fedorento cometeram os dois. Hoje já é fácil adivinhar como vai ser o programa no Domingo. Entre gozar o Sócrates, o Valentim ou o Portas, a coisa vai sempre dar ao mesmo.

E como é de futebol que aqui se fala, também é muito fácil constatar que desde o início deste formato há um clube que é gozado/criticado e outros que são usados para fazer umas piadas. Ou seja, em "Diz que é uma espécie de magazine" já tivemos "n" bocas sobre o Apito Dourado, tivemos sketches do Pinto da Costa com prostitutas para lá e para cá, tivemos um programa dedicado à Carolina e à flatulência, tivemos o Rogério Samora a declamar escutas, tivemos Atlético e David, tivemos um Tesourinho a falar de um pseudo golo que aconteceu há 2 anos e mais umas coisinhas. E, com "os outros", tivemos a rábula do Paulo Bento (em que não se critica nem o próprio nem o clube, apenas se caricatura uma personagem) e tivemos (aqui é que o gozo foi enorme!) o Miccoli baixinho.
Tá bem que eles não escondem de que clube são. Tá bem que com a maior parte destas coisas até me ri. Mas relembro: estamos a falar de um canal que presta serviço público. E isto deixou de ter piada; passou a ridículo.

Não sou das que deixaram de ver os Gato Fedorento, porque ainda assim acho-lhes imensa piada. E só falo nisto agora porque esperei para ver o que fariam quando o Porto fosse campeão (isto, infelizmente para eles, não puderam ignorar). No próprio dia, tinham gravado 3 entradas para estarem prevenidos fosse qual fosse o campeão. Azar, tiveram de usar a que fizeram com menos prazer decerto. Uma semana depois, enfiaram a carapuça de vez e deram finalmente voz ao Futebol Clube do Porto. Adorei, pois 'tá claro. Mas não me esqueço.







1 comentário:

Ricardo disse...

Quando o RAP foi questionado acerca da sua parcialidade política na Grande Entrevista saiu-se com uma resposta lapidar: "Um humorista não tem de ser parcial". E não tem. Tem de o ser um jornalista (não são), deveria ser um político (muito menos) e nunca deve ser um adepto (a não ser o Rui Santos, que é adepto de si próprio).
Eu gostei muito do programa dos Gato dedicado do foculporto. Conseguiram dar um toque de humor a algo que me deixa triste (mas há que ver as grandes vitórias nas pequenas derrotas - a manutenção do Jesualdo...). E conseguiram transformar uma besta (M.Serrão)num gajo com direito a tempo de antena de humor.