08/08/08. Biliões de televisões ligam-se para assistir à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim. Chineses, portugueses, norte-americanos; pessoas do Bahrein, Quirguizistão, Botsuana e outros países que nunca sabemos que existem até aqui; homens, mulheres, crianças e idosos. O mundo ligado num só momento.
Segue-se um espectáculo de história, arte, cultura, tecnologia, cinema, música, política até. Um mistério desvendado a cada segundo que passa, pormenores que nunca vamos esquecer. Um desfile de atletas que ostentam com orgulho uma bandeira.
Tenho consciência que é o futebol o grande responsável pela minha paixão pelo desporto, mas sei que delega essa função durante duas semanas de quatro em quatro anos. Durante estes dias, a bola parece-me demasiado pequena. Penso nos jogadores endinheirados e nas camisolas que já não ficam tão suadas. Penso no campeonato da Europa que há tão pouco tempo juntou as 16 melhores equipas. 16 em tantas outras que ficaram para trás.
Em Pequim, o elitismo fica de parte. E se é certo que custa comparar a delegação chinesa com a delegação moçambicana, por exemplo; e se é verdade que muitos atletas ficaram para trás por critérios rigorosos de selecção… Nada pode ir contra o facto de termos visto 204 países a entrar naquele estádio. Nada pode negar que estiveram ali milhares de atletas que passaram quatro anos a treinar diariamente para alguns minutos de glória, muitas vezes sem qualquer apoio e certamente sem a nossa atenção, que provavelmente andava distraída com a nossa equipa de futebol.
Nelson Évora merece menos do que Cristiano Ronaldo? Vanessa Fernandes ganhou menos do que Scolari? Sara Oliveira é menos campeã do que a selecção de futebol de Portugal? Não, não, não. Então por que não vejo bandeiras nas varandas? Serei assim tão diferente do resto, quando é apenas nestes 16 dias que vibro com as nossas cores?
Paremos de pensar e voltemos àquele dia. A chama entra no estádio, glorifica aqueles atletas e sobe até à cobertura do «ninho do pássaro» (ou seria o céu?).
E nas bancadas vemos Bush e Putin muito perto. Sorriem, acenam aos atletas. No dia seguinte vão entrar em guerra. Mas isso não interessa. A história (do desporto) foi reescrita.
De uma pessoa que põe o despertador para ver as eliminatórias da natação
10 agosto, 2008
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1 comentário:
Lá se foi a Telma, curiosamente a queixar-se de árbitros e sorteios. A prova de que esse vírus vermelho é contagioso...
Mas, será que o Pinto da Costa também está envolvido?
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