26 maio, 2006

26 de Maio de 2004

Gelsenkirchen. Demorámos dias só para conseguir soletrar direito a palavra.

Estávamos em Fevereiro de 2004. O campeonato nacional estava mais uma vez controlado e ainda acordávamos todos os dias a relembrar Sevilha.
A equipa era praticamente a mesma. Os rapazes faziam-nos sonhar, como qualquer adepto que imagina um dia ganhar o principal torneio de clubes. A diferença é que nós estávamos bem acordados.

Oitavos-de-final: Manchester United. Um dos maiores clubes da Europa, com estrelas a desfilar no plantel.
Vieram cá a falar de supermercados e até marcaram primeiro. O McCarthy fez questão de os mandar embora com 2 grandes sacos de compras.
Como todos os ingleses, não gostaram da ideia de perder com Tugas. Um tal de Fergunson, que de Sir tem muito pouco, acusou-nos de teatreiros e tentou reduzir a nossa dimensão.
Marcaram primeiro. Não fizemos muito durante o jogo, mas no fundo todos sabíamos que os quartos vinham aí. 90 minutos, livre: McCarthy, Howard, Costinha. Como é que se diz “toma lá!” em inglês?
Foi um dos maiores festejos de sempre dos milhares que estiveram no Teatro dos Sonhos. Ainda hoje choro por não me terem deixado embarcar. Alguém devia dizer àquela **** que impediu uma pessoa de ser mais feliz.

Quartos-de-final: Lyon. O campeão francês, que domina em termos nacionais e que começava aqui a sua aventura na Europa.
Jogámos de novo cá primeiro. 2-0, sem espinhas. Marcaram os melhores jogadores da equipa, Deco e Ricardo Carvalho, e que fizeram por ser os melhores da Europa nessa época.
A aventura para Lyon foi a vingança por ter falhado Manchester. O Maniche de outros tempos marcou os 2 golos que nos valeram o empate e o passaporte para as meias.
Seria normal e até ficava bonito eu agora escrever: “parecia irreal”. Mas não pode ser, porque mais real do que aquela equipa a arrumar as outras não havia.

Meias-finais: Deportivo. Uma equipa que ganhou destaque na última década e que só tinha acabado de fazer uma reviravolta impressionante na eliminatória contra o pequeno Milan.
Primeiro jogo cá, pois tá claro. Como já ninguém escondia o desejo, pedimos aos rapazes a final. O 0-0 acabou por nos deixar com os pés bem assentes na terra (se é que há terra quando se fala duma meia-final).
Chovia imenso lá, mas para nós o dia estava perfeito. A alegria por estar ali misturava-se com o medo de morrer na praia.
A Corunha estava azul e branca. Incrível a adesão dos adeptos. Até arrepiava ver os prédios, os carros, as pessoas, tudo de azul e branco.
Depois de meses no estaleiro, tinha que ser ele: o nosso Ninja (que alguns acéfalos fizeram questão de esquecer em troca de vá-se lá saber o quê) a resolver.
No final, fomos aplaudidos pelos adversários, que nos desejaram sorte para a final. Ainda hoje torço pelo Deportivo na Europa.

FINAL: Mónaco. Um clube mais pequeno do que nós, que só tinha eliminado o Real Madrid e o Chelsea e que só contava com a ajuda de Morientes, Giuly e Companhia LDA.
Pensava que não era possível sentir tanta ansiedade. Custava-me comer, custava-me falar, custava-me até dormir(!). Não era tanto por uma questão de falta de confiança, porque todos sentíamos que aquilo ia mesmo ser nosso; era mais porque acho que só nesta altura é que nos apercebemos onde estávamos.
A final da Liga dos Campeões.
Não é por acaso que só aqui escrevo isto. A f-i-n-a-l d-a L-i-g-a d-o-s C-a-m-p-e-õ-e-s. Aquilo que vemos todos os anos, sentados no sofá, de boca aberta com a qualidade das poucas equipas que conseguem lá chegar. Aquilo que sabemos que todo o mundo está a ver e a pensar: “quem me dera ser daquela equipa”.
Nós fomos o Top daquele ano. Naquela época não houve Ronaldinhos e Henrys. Houve Baía, Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Costinha, Maniche, Deco, Derlei e Carlos Alberto. Impossível esquecer este 11. Foram eles que entraram ali, naquele estádio super imponente; foram eles que o mundo, sentado no sofá, viu; foi com eles que todos ficaram de boca aberta. E nós éramos mesmo daquela equipa.
Carlos Alberto, Deco, Alenitchev. Sem hipóteses.

Gelsenkirchen. Há 2 anos passou a constar no nosso dicionário. Para quem não sabe, é sinónimo de inesquecível.

4 comentários:

Bakero disse...

Uma equipa Portuguesa conquistar a Liga dos Campeões só com muito mérito, mas apanhar um Lyon nos 1/4 de final, um Deportivo nas 1/2 finais e um Monaco na final é a sorte do século...

Ps: "Manchester United. Um dos maiores clubes da Europa, com estrelas a desfilar no plantel." Quem diria!!

C. disse...

Porra, vocês acham mesmo que o mundo gira à vossa volta.

Bem, em 1º lugar, nunca ninguém disse que o Manchester deixou de ser um dos maiores clubes da Europa, cheio de estrelas no plantel. A única coisa que se disse e com razão é que tiveram a sorte de os apanhar num dos piores momentos que eu já vi. Mas lá está, é a tal sorte.

Em 2º lugar, enganei-me no 11 como é óbvio. Não reli e depois dá nisto. Peço desculpa, escusas de fazer-me de burra porque, para além de não me esquecer de um grande jogador como o Pedro Mendes, ainda sei contar.

Anónimo disse...

ApAnhArms o mAnchester num dos piores momentos? E eu qe tinhA lido no outro diA qe o MAn United tinhA feito A suA melhor pontuAção dos ultimos 10, 15 Anos... pô é qe senão fosse o Mourinho erAm mais qe cAmpeões.
SejAmos honestos e rivAlidAdes, até o mais comum dos ceguinhos só pode Admitir qe vcs Além dA estreLinha AindA forAm AjudAdos.
Golo do Scholes? PenAlty perdoAdo nA corunha?? Enfim, ApenAs 2 qe me ficArAm nA memóriA.

p-s - peço desculpA pelos A mas AvAriou o meu teclAdo e so funciona em cAps look. SAudAções BenfiquistAs

C. disse...

Opa,não estou para vos aturar!
;) *