05 dezembro, 2007

Liverpool – parte II

Quarta-feira, 18.45. Entrar em Anfield até foi, confesso, desapontante. O estádio não é nada demais, não é extremamente bonito ou intimidador. Tivemos a nossa grande oportunidade de mostrar que também estávamos ali no aquecimento, já que nem metade do estádio estava preenchida.
A 5 minutos do inicio da partida, o momento por que todos esperávamos. Impossível de transmitir em palavras. “You’ll never walk alone” é uma mensagem tão simples como eficaz. Lindo. Arrepiante. Quase que dá vontade de mudar de lado. Cantámos com eles, porque os nossos também nunca caminharão sozinhos.

Embalados pelos adeptos, eles começaram melhor. Nós parecíamos estar ainda num estado de convalescença depois daquele momento contagiante. Só o golo de Torres nos acordou (a nós adeptos e a nós equipa) para a realidade: o Liverpool era o adversário e nós queríamos ganhar. Como sempre.
Apoiámos o crescimento da equipa e o golaço de Lisandro deu-nos o melhor de toda esta aventura: fizemo-nos ouvir em Anfield Road. O sonho de qualquer adepto, digo eu. Melhor que os 3 “YNWA”, melhor que os cânticos originais e afinados dos ingleses, melhor mesmo do que aquele Kop cheio e sempre de pé. Éramos nós. E estávamos ali. E eles tinham de estar a levar connosco.
Os ingleses, ao contrário do que eu estava à espera, estavam calados. E assim ficaram durante muito tempo. E aqui está o bom de ir lá, de os ver e ouvir de perto. Afinal de contas, descobri que eles também são humanos.

O 1-1 estava a ser justo e controlado, mas nós (nós adeptos e nós equipa) até queríamos mais porque sabíamos que éramos capazes. Ora, ao contrário até do que costuma acontecer, Jesualdo entrou nessa onda e quis ganhar. Talvez tenhamos sido ingénuos. Talvez tenhamos tido só azar. Não sei. Só sei que Torres pegou na bola e fez aquilo que todos vimos. A saga dos jogadores que estão em má forma e que ressuscitam com o Porto continua (Adriano do inter, Solari no real madrid, shevchenko e ballack no chelsea…). “El Niño” passou-se e abriu caminho para os outros.
Um penalty que me pareceu causado por falta do avançado sobre o malogrado Stepanov (continuo a achar que ele é bom, agora mais porque ele faz as mesmas asneiras que o Pepe fazia do que propriamente pelas provas que ele me dá). Gerrard não perdoa, claro. E Crouch para finalizar.

Foram 3 golos de rajada, que ainda assim não foram suficientes para nos arrancar do primeiro lugar do grupo. No fim do jogo, houve palmas para os nossos rapazes. Mas não só. Houve palmas deles para nós e de nós para eles. Eles a reconhecerem o nosso valor, nós a reconhecermos que estávamos ali também (e muito!) por eles.
Benitez dorme agora mais descansado e até nos fez o favor de pôr alguns jogadores a correr à volta do relvado quando só nós estávamos ainda lá dentro. Digo um favor porque foi a nossa oportunidade de aplaudir e ser aplaudidos por aquele que para mim é o melhor jogador de equipa do mundo: Steve Gerrard. A propósito, o cântico dos adeptos para o seu capitão é absolutamente fantástico.

E assim saímos de Anfield. Com a cabeça a pesar à custa dos 4 golos, mas com o coração aos saltos porque estivemos ali, porque somos do Porto e por isso somos sempre melhores que os outros.

3 comentários:

Unknown disse...

Descreveste o que é possível descrever com palavras na perfeição. Parabéns por mais um grande texto.

Anónimo disse...

"...porque somos do Porto e por isso somos sempre melhores que os outros."

Esta frase chega para descrever o FC PORTO!!

1893 disse...

a espinha gelou lá