03 fevereiro, 2006

Futebol português - Parte I

Na minha opinião, um dos grandes males do futebol português é o fosso enorme que existe entre os 3 clubes grandes e o resto. As enormes diferenças, sobretudo a nível económico, resultam não só na concentração dos adeptos e dos títulos, mas também no espectáculo propriamente dito.

Quanto à concentração dos adeptos, continuo a não compreender como é que é possível alguém não ser do clube "da sua terra". Por muito que me falem que é uma cena inata basta olhar para Espanha para não perceber porque é que não somos como eles.
Adiante, em relação aos títulos, fora uma ou outra excepção, está tudo nos museus dos grandes. É pena que não surjam mais "outsiders", se bem que da última vez foi preciso muita arbitragem pelo meio para que um surgisse.

Bem, mas o propósito deste post é falar mesmo nas implicações que essas diferenças trazem ao nível do espectáculo futebolístico.
Ora, em 1º lugar, começam logo por fazer com que os estádios estejam praticamente vazios por todo o país. E o problema não é só o de não haver adeptos igualmente distribuídos. É também porque as equipas não nos oferecem grandes jogos de futebol, daqueles que nos motivam a esquecer as fortunas que gastamos em bilhetes.
E porque é que isto acontece? Na base disto tudo, acho que está a atitude de muitas das equipas mais pequenas e, obviamente, dos seus treinadores.
Custa-me mesmo ir semana após semana a um estádio qualquer e ver sempre o mesmo tipo de jogo: o meu clube a tentar marcar e o adversário a tentar não sofrer.
São os chamados "autocarros à frente da baliza" que nalguns casos chegam a ser comboios ou mesmo aviões.

Eu sei que muita gente pensa que é a única hipótese de uma equipa como o penafiel ou a naval pontuarem contra um grande, mas eu não concordo. Primeiro, porque é raro essas equipas pontuarem, mesmo jogando com 11 jogadores na sua área e depois porque já vi equipas a jogarem num esquema mais aberto a fazerem grandes prestações contra os 3 grandes.
Ninguém lhes pede para jogarem de igual para igual, como o Mota tinha a mania de fazer e depois levava aos 6 de cada vez, porque é notório que a maior parte não tem capacidade para isso. Pede-se que joguem o futebol de que são capazes e que sobretudo não entrem no ridículo do anti-jogo. Passo-me com aqueles jogos tipo Porto-setúbal deste ano, em que os outros passam 90 minutos no chão, depois o árbitro interrompe o jogo, vem a maca, o jogador é assistido dentro do campo, recusa a maca, sai a pé muito devagar e mal chega à linha pede para entrar. Isto é o pão nosso de cada dia no nosso futebol, meus caros. E nós pagamos bilhetes e quotas para isto.

A culpa vai, obviamente, para treinadores do tipo Sousa. Têm carreiras de anos e anos de anti-jogo, nunca chegaram a lado nenhum com isso, mas não são capazes de mudar a sua filosofia de jogo.
Já repararam na diferença do rio ave do Carlos Brito para o rio ave do Sousa? Com qual deles gastavam mais depressa 15 euros para irem a vila do conde?
E depois ainda há aqueles casos inexplicáveis como o braga. O braga tem uma grande equipa e já mostrou que é capaz de ganhar a qualquer equipa, em qualquer estádio. No entanto, o Porto este ano foi a braga jogar contra uma equipa que passou 90 minutos a defender.

Não percebo mesmo estes treinadores. Ainda não perceberam que entrámos no séc. XXI e que o futebol evoluiu? É que depois queixamo-nos que as nossas equipas não chegam longe nas competições europeias. Pudera, lá fora jogam todos para ganhar enquanto aqui continuamos à espera de milagres.

1 comentário:

Desnorteado disse...

depois de andar de link em link eis que chego a mais um blog de categoria :)

e até penso quem seja a dona

dps diz se acertei ou não!