24 janeiro, 2008

Há dois anos foi assim...

sporting-PORTO: a receita da vitória

Fazer um bolo não é tarefa assim tão fácil. Os ingredientes podem estar todos à nossa frente, mas basta uma mistura mal feita, uma dose mal calculada ou uns minutos a mais no forno para estragar tudo.
Esta vitória no WC lembra-me este processo. Reparem, os ingredientes estavam todos lá: do lado deles, já se viam campeões, achavam-se os melhores e bastava ganharem para nos ultrapassarem. Rumo ao título, diziam. Do nosso lado, tínhamos algumas dúvidas em relação à equipa e ao treinador nos jogos decisivos e sabíamos que a derrota era provavelmente o último atestado de vencidos que nos passavam esta época.
Era em casa deles, com os adeptos deles em óbvia maioria, num clima de euforia justificado pelos últimos resultados. Nós éramos 2500, os resistentes dos maus resultados frente aos rivais.
Mas eles são o sporting e nós somos o PORTO. Eles são grandes porque ganharam 18 campeonatos. Nós somos enormes porque conquistámos a Europa e o Mundo.
E eles são lagartos. A elite da capital que tem a sina de falhar quando os melhores não falham. E nós somos tripeiros. Filhos de uma Nação que viveu Viena, Sevilha, Gelsenkirchen e Tóquio.
Ganhar em alvalade não era fácil. Precisávamos de cuidado nas misturas, de cálculos precisos nas doses e de estar bem atentos ao forno.
A viagem começou por me contradizer no que diz respeito a misturas. Até lisboa cruzámo-nos com demasiados verdes e nem sequer umas bocas, nem uns arrufos. Nada. De um lado e doutro, reinava a precaução. Esperávamos pelo bolo para mostrar quem é o melhor chef.
O cortejo foi tranquilo. Eles nem nos baralhavam os ingredientes, nós estávamos confiantes na receita.
Durante o jogo as doses saíram perfeitas. Nós na bancada a apoiar e a calar os verdes. Os nossos rapazes no campo a empurrarem o adversário e a mostrarem que merecem o escudo na camisola.
O golo foi a cereja no topo do bolo. E aí esta analogia perde-se, porque nem com a receita é possível repetir aquilo. Se os momentos são de quem os vive, aquele vai morrer connosco. Que nem um bolo, que de tão bom que é não conseguimos dividir com ninguém.
Dizem que as melhores receitas são as tradicionais. Querem melhor tradição do que ganhar na 2ª circular e festejar o nosso bolo na cara deles?
O título está aí à porta. Basta estarmos atentos ao forno.


10 de Abril de 2006
C.

1 comentário:

1893 disse...

Herman:

Eu é mais bolos.