Já foi há cinco anos...
“0-2, nós acreditamos” – quando os Super Dragões levantaram a frase na saudosa Curva Sul do Estádio das Antas, poucos acreditariam no vaticínio da claque portista. Não que o Panathinaikos fosse um colosso impossível de ultrapassar, mas a história fazia questão de nos atormentar.
Só 11 homens não cederam a fantasmas e tristes prognósticos: Vítor Baía, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Costinha, Deco, Derlei, Alenichev, Maniche, Paulo Ferreira, Mário Silva e Postiga. Um 4-4-2 – “sem truques” – que nos fez acreditar. Quem não se lembra do nosso (e nunca de mais ninguém) Ninja, manco, de rastos, repleto de cãibras, a marcar dois golos na Grécia?
E aí estávamos nós, na meia-final de uma prova europeia, a sonhar mais alto do que há poucos meses poderíamos imaginar. Disse sonhar? Perdoem-me. Nesta altura a verdade é que já estávamos bem acordados.
Se bem que aquele golo de Claudio López abanou o Estádio das Antas até aos mais profundos alicerces. Seria a Lazio capaz de nos ultrapassar no caminho até Sevilha? Maniche, Derlei (por duas vezes, outra vez) e Postiga fizeram questão de mostrar aos italianos que fazê-lo pela direita é proibido e que a faixa esquerda, com um futebol de outro nível, era toda nossa.
Foi talvez o melhor jogo de uma equipa portista que eu já vi. Ninguém me tira da cabeça, até, que o golo sofrido logo nos primeiros minutos já estava planeado, para apimentar o suspense de um thriller perfeito. A Lazio era a vítima, que corria desenfreadamente para fugir da morte e até conseguiu distanciar-se do vilão perseguidor. Mas o Porto soube ser o mau da fita, que anda devagar atrás da presa, que desaparece e dá uns segundos de alívio, até reaparecer do nada e dar o golpe final. Claudio López não foi, afinal, mais do que aquele tiro que convence o espectador que está a assistir a um final feliz. E a Lazio já devia saber que nenhum vilão morre à primeira.
Roma foi apenas um passeio pela Cidade Eterna, com Vítor Baía – pausa para recordar o melhor guarda-redes do mundo - a demonstrar que as portas estavam mesmo escancaradas para a final. E de repente estava eu numa fila soalheira, à espera que um rectângulo mágico me caísse nas mãos. E, como se o tempo não fizesse parte da nossa dimensão, num instante já estávamos numa camioneta a caminho de Sevilha.
“Começou a invasão”, escrevia um jornal sevilhano na véspera. 70 mil escoceses/irlandeses, 30 mil portugueses e um calor desumano. Como se já não fosse suficientemente doloroso chegar a uma final da Taça UEFA. De Sevilha não tenho muito para vos contar. Não era possível observar a cidade com olhos de turista quando umas horas depois iria estar tanto em jogo. (Um pequeno parêntesis para relembrar o adepto portista que perdeu a vida nas águas de Sevilha. Espero sinceramente que a Taça também tenha chegado até ele)
Estádio Olímpico de Sevilha ou o ideal de qualquer adepto, como lhe queiram chamar. Entro cedo e olho à minha volta. Vício terrível de analisar a bancada antes do relvado. Não sei se demorou 2 ou 20 segundos, mas a nossa parte já está cheia. Não tenho cadeira para me sentar, não tenho água para beber. Devia estar cansada e desesperada com tanta sede. Mas apercebo-me de que o calor não tem nada a ver com as altas temperaturas. Celsius não foi nada naquele dia quando comparado com aquele formigueiro que, se isto fosse um romance, seria um sinal de paixão. E não é que era mesmo?
Não me atrevo a descrever aquele jogo. Tudo o pode ser dito sobre ele será sempre injusto e incompleto. Afinal de contas, estamos a falar dos melhores 120 minutos da minha vida.
De Sevilha para o Mundo,
Vítor Baía, Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Costinha, Maniche, Deco, Alenitchev, Capucho, Derlei e Catarina Pereira.
28 maio, 2008
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7 comentários:
Ah... Roma..belo passeio... foi um dia em cheio xD e Sevilha... ia destilando...mas valeu apena.. foi dos melhores dias da minha vida xD
Sevilha... Eu estive lá... Foi o jogo da minha vida! E orgulho-me de ter estado em todos os jogos em casa dessa gloriosa caminhada.
Em Sevilha não estive (não havia dinheiro na altura)... mas não devias ter falado do jogo com a Lázio... isso é entrar num saudosismo bem próprio de outras "gentes" ... esse para mim foi o jogo de uma vida:
- entrar 3 horas antes no estadio
- levar a camisola da sorte (fininha por sinal) e levar com chuva, vento , calhaus de gelo (sim akilo não era granizo eram pedras) e para apimentar um poukinho de trovoada
- sentir a moral inabalável de todos (axo k mm tu acreditavas numa garnde vitória)
- sofrer 1 golo e ver todos sem excepção a dizer "menos de 4 é derrota"
- marcar o 3º e já lavado em lágrimas enganar-m no lado e abraçar o maior "gandim" á face ta terra (ele festejou com um grunhido tipo ..guarrrraggjhheyeahh)
- marcar o 4º e passar 5 minutos de costas para o jogo
- sentir que aquele era o ultimo grande jogo do nosso velhinho estádio
- sair sem voz e a escorrer água e axar por bem ir jogar setas para o caludas!!!
Não devias ter falado neste jogo!!
4-4-2 – “sem truques”
Onde é que eu já vi isto ???
Sempre a reboque... lolololll
Beijoca
Eu estive lá!! Sevilha foi perfeito. A maioria escocesa, a emoção do jogo, a força que os adeptos azuis tiveram... foi incrível! Relembro 3 momentos fora do tempo de jogo que para mim são inesquecíveis:
1. A baforada de calor que levei quando sai da camioneta, e eram prai 9h da manha!
2. Uma avenida com bares dos 2 lados e nós só tinhamos 2 metros no meio da rua para passar, porque o resto era tudo verde. Ainda assim, bebi prai 3 cervejas à borla. Lol!
3. Como disseste a nossa bancada encheu muito cedo e rápido. Quando a nossa equipa entrou ainda de fato para ver a relva, soltamos um "força porto aleeee" como vi poucos, tal era a força. Ai senti, a taça não foge!!
Inesquecível!!
Yakoo
Fui ver todos os jogos em casa da caminhada para Sevilha. Com a Lázio em casa ao sair do carro e com aquela chuva, o meu pai profere umas palavras de quem já anda há muitos anos (por sinal mais de 30), disse o seguinte:
"Filho, isto é jogo ganho, em terreno molhado o jogo é abençoado"
4-1 no final e esse sim...o melhor que vi nas Antas!!!
Não estive em nenhum desses jogos. Nessa altura era uma pitinha canalha de 13 anos. Estava em casa de terço azul na mao e cachecol ao pescoço porque no café nao passaram o jogo, nao estivesse eu ainda a 300km do jogo.
Tenho uma foto desse jogo com a lazio toda equipada a minha mae a por o meu primo bébé ao pe de mim e eu a dar um chega pa la no puto porque nao me deixavam concentrada. Foi memoravel. E tenho pena, muita muita pena porque nunca conheci as antas por dentro.
Sevilha? Concretizar de algo que há muito nos estava destinado, abrir portas a um grupo que merecia tudo!
como diz o presidente : "Ninguém pode fugir ao destino e o nosso é ganhar."
Beijinhos azuis e brancos da Ta_8
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