No rescaldo do Mundial de 2006, que para mim ficará marcado pelo decrescer de entusiasmo, proponho uma análise dos participantes.
Os que não passaram a 1ª fase:
Costa Rica - 3 derrotas e muito pouco futebol. Uma das selecções que se dispensava do "cartaz".
Polónia - A derrota com o surpreendente Equador ditou o destino de uma das equipas mais fortes fisicamente deste mundial. Os polacos estavam bem organizados, mas a falta de talento técnico foi notória.
Paraguai - As derrotas pela margem mínima contra a Inglaterra e a Suécia tornaram inglório o esforço desta equipa tipicamente sul-americana.
Trinidade e Tobago - O empate contra a Suécia foi suficiente para fazerem a festa. Pouco mais se viu desta selecção.
Costa do Marfim - Havia alguma expectativa em torno do Drogba e companhia, mas o grupo era mortífero e, apesar de jogarem bem, não tiveram hipótese.
Sérvia e Montenegro - Outra selecção injustiçada pelo grupo em que calhou. Bons jogadores, boa táctica... e a maior goleada de uma Argentina perfeita. A divisão territorial recente prejudicou certamente o balneário.
Irão - Ainda estou para perceber como é que foi parar aqui.
Angola - Idem idem aspas aspas. A pior selecção deste Mundial.
EUA - Uma decepção depois da boa campanha em 2002.
República Checa - A prova de que em 2004 a geração de ouro checa perdeu talvez a grande oportunidade de fazer história. Grandes jogadores, um motivador jogo inaugural, mas um Gana espectacular e uma Itália mortífera não deixaram Nedved ir mais longe.
Croácia - Não se pode dizer que tenha jogado mal ou que tenha tido péssimos resultados, mas mesmo assim ficou pelo caminho. Não há espaço para todos.
Japão - As derrotas inquestionáveis com a Austrália e com o Brasil, mostraram que esta equipa não merecia passar esta fase.
Coreia do Sul - A equipa afastada nesta fase com mais pontos (4). Depois de uma prestação que teve tanto de surpreendente como de falsificada em 2002, a Coreia voltou a mostrar algum valor.
Togo - 0 pontos e muito pouco futebol.
Tunísia - Incapaz de passar este grupo.
Arábia Saudita - Dispensável.
Os que se ficaram pelos oitavos-de-final:
México - Uma 1ª fase muito fraquinha compensada por um jogo muito bom contra uma Argentina espectacular.
Suécia - Uma equipa abaixo das expectativas, que acabou por passar a 1ª fase com uma derrota tangente e injusta sobre o Paraguai. Derrotada pela selecção anfitriã que nesta altura parecia imbatível.
Holanda - Uma 1ª fase muito "morna", com duas vitórias justas, mas não muito entusiasmantes. Derrotada por um tiro de Maniche.
Equador - Depois de uma 1ª fase surpreendente e entusiasmante, foram derrotados pelo pragmatismo inglês. Uma das selecções "vencedoras" deste Mundial.
Austrália - Outra das grandes supresas. Uma organização exemplar e um conhecimento exaustivo dos adversários valeram-lhe uma presença merecida nos oitavos. Derrotados por um penalty inexistente.
Suiça - Saíram do Mundial sem sofrer um golo no tempo regulamentar. Muito bem organizados, souberam colmatar a falta de grandes estrelas. Eliminados nas grandes penalidades, fica a expectativa de boas prestações nos próximos torneios.
Gana - Ao derrotarem os EUA e a República Checa de forma tão inquestionável e entusiasmante, mereçaram os oitavos. Mesmo com uma derrota pesada frente ao Brasil, saíram da Alemanha com muitos motivos para festejar.
Espanha - Na 1ª fase foram uma das melhores equipas. Muitos jovens, com vontade de provar o seu valor ao Mundo. Um Torres que já não precisa de provar nada. Tiveram azar ao apanhar uma selecção que precisava de provar que continua a ser das melhores. O futebol praticado pelos espanhóis merecia mais.
Os que não passaram dos quartos-de-final:
Argentina - Impossível não torcer por esta equipa. Jogos alucinantes, golos inesquecíveis e um ritmo sul-americano contagiante. Foram eliminados nas grandes penalidades depois de um jogo a controlar os anfitriões. O golo de Maxi Rodriguez vai servir para mostrar às próximas gerações porque é que toda a gente queria que esta Argentina fosse mais longe.
Ucrânia - Depois de uma 1ª fase de altos e baixos e de uns oitavos ultrapassados com alguma sorte, demonstrou frente à Itália que se calhar não devia ter chegado tão longe.
Brasil - A grande desilusão. Quando nem Ronaldinho, nem Kaká, nem Ronaldo (e por aí fora) aparecem, o Brasil mostra que não tem equipa para superar as evidentes quebras individuais. Pagaram o preço de terem dos melhores jogadores do mundo, muito cansados no final de mais uma época ao mais alto nível. Eliminados por uma França que mostrou que estava ali para ganhar.
Inglaterra - Passou a 1ª fase e os oitavos sem precisar de jogar muito. Encontrou mais uma vez uma selecção inspirada nas grandes penalidades.
O quarto classificado:
Portugal - Entusiasmou um país mas não chegou ao pódio. O futebol praticado não chegou para os franceses e os alemães. Mesmo assim, foi ultrapassando os obstáculos.
O terceiro classificado:
Alemanha - Impressionante a forma como um grupo de miúdos foi capaz de chegar tão longe. Na 1ª fase e nos oitavos, foram entusiasmantes e exemplares. Com a Argentina e com a Itália, pareceram acusar a pressão e recuaram mais, diminuindo a qualidade do futebol praticado. O 3º lugar acabou por ser o prémio de consolação, já que contra Portugal demonstraram ser muito melhores.
O segundo classificado:
França - Começou por desiludir, mas acabou por dar uma lição aos que os apelidaram de "velhos". O futebol praticado foi aumentando de qualidade e, depois de eliminarem a Espanha, o Brasil e Portugal, acabaram por cair apesar do domínio no tempo regulamentar. Apesar dos grandes jogadores, mostraram que o mais importante é ter uma grande equipa. Fica na memória o adeus invulgar a Zizou.
O novo campeão do mundo:
Itália - Mais "atrevida" do que o normal, mas sempre segura na defesa e entusiasmante no ataque. Foi passando sem dar muito nas vistas, mas contra a Alemanha mostrou que estava ali para ganhar. Teve em Cannavaro o melhor exemplo do mérito com que alcançaram a Taça. Acabou por vencer onde perdia sempre: nos penalties. Uma vingança de muitos anos.
No geral, retive o facto das equipas, ao longo do torneio, começarem a jogar cada vez mais pelo seguro e, como tal, fomos assistindo a jogos cada vez menos entusiasmantes. Se por um lado se compreende, não me digam que não pagavam mais depressa bilhete para verem a Argentina ou a Espanha da 1ª fase.
E se tivemos grandes equipas e grandes jogadores (Cannavaro, Zidane, Podolski, Torres, Messi...), a verdade é que os grandes culpados por este amargo de boca foram os treinadores. Não houve um que surpreendesse, não houve um que arriscasse, nada. Fora Klismann que construiu uma equipa entusiasmante por ele próprio (mas que acabou por perder quando teve medo do adversário), fora Guus Hiddink que pegou em jogadores longes de serem craques e fez um conjunto sólido (mas que, mesmo assim, não foi capaz de ultrapassar um adversário melhor) e ainda talvez Lippi que conseguiu tirar proveito dos jogadores que tinha sem precisar de os pôr todos atrás da bola (mas que, bem vistas as coisas, também não os fez produzir nenhum espectáculo), a verdade é que nenhum treinador foi responsável pelo entusiasmo dos adeptos. E se isso nos passa um bocado ao lado, porque num Mundial nem temos tempo para pensar no futebol praticado, a frio custa-nos admitir que podiamos e deviamos ter visto melhor.
Em 2010 há mais.
17 julho, 2006
11 julho, 2006
Plantel do Campeão
O FCPorto começou ontem a preparação da temporada de 2006/2007. Sem os dois mundialistas (Lucho e Ricardo Costa), 24 jogadores apresentaram-se a Co Adriaanse: Adriano, Alan, Anderson, Bosingwa, Bruno Alves, Bruno Moraes, Cech, Diogo Valente, Ezequias, Helton, Ibson, João Paulo, Jorginho, Lisandro Lopez, McCarthy, Paulo Assunção, Paulo Ribeiro, Pedro Emanuel, Pepe, Quaresma, Raul Meireles, Sokota, Vieirinha e Vítor Baía.
Quanto aos reforços parece-me evidente que não podem ficar por aqui. João Paulo é na minha opinião a aposta mais segura; Diogo Valente e Ezequias ainda têm muito por provar. Entretanto vem aí um tal de Sektioui, um extremo marroquino que vem do AZ Alkmaar. Não faço a mínima ideia do que joga o rapaz por isso não me pronuncio.
Quanto às saídas, César Peixoto, Postiga, Sonkaya e Hugo Almeida foram dispensados. Este último é o único com futuro assegurado, já que tem guia de marcha para o Werder Bremen. Isto não foi grande surpresa para mim, já que nenhum destes 4 tem lugar neste plantel. A surpresa foi alguém querer mesmo o Hugo Almeida.
Diego, como sabem, foi também despachado para o Werder Bremen. Ainda estou para perceber esta história. Ou muito me engano ou daqui a uns tempos ele está a regressar a Portugal.
Bruno Vale, Areias, Paulo Machado, Ivanildo, Maciel, Pitbull e Hélder Barbosa foram emprestados. Areias, Maciel e Pitbull porque não têm, obviamente, lugar no plantel. Os 4 jovens vão rodar em equipas da 1ª Liga para crescerem.
A incógnita é, pela 3ª(?) época consecutiva, a permanência ou não de McCarthy. Que ele quer sair já toda a gente sabe, que nós queremos que ele saia também. O problema é que, para além de ninguém estar disposto a pagar muito por ele, o Porto ainda não conseguiu contratar um ponta-de-lança que o possa substituir. Fala-se muito de Hesselink mas quando os negócios se arrastam muito já se sabe que correm mal. Já para não dizer que o monstrinho holandês me parece mais um substituto do Hugo Almeida que do McCarthy e isso sim é preocupante.
O balanço final parece-me equilibrado. Fora a saída inexplicável de Diego, o plantel não perdeu grande coisa e também não ganhou grande coisa.
Tendo em conta o campeonato, pode chegar outra vez mas continuo a achar-nos muito pouco preparados para a Champions.
Quanto aos reforços parece-me evidente que não podem ficar por aqui. João Paulo é na minha opinião a aposta mais segura; Diogo Valente e Ezequias ainda têm muito por provar. Entretanto vem aí um tal de Sektioui, um extremo marroquino que vem do AZ Alkmaar. Não faço a mínima ideia do que joga o rapaz por isso não me pronuncio.
Quanto às saídas, César Peixoto, Postiga, Sonkaya e Hugo Almeida foram dispensados. Este último é o único com futuro assegurado, já que tem guia de marcha para o Werder Bremen. Isto não foi grande surpresa para mim, já que nenhum destes 4 tem lugar neste plantel. A surpresa foi alguém querer mesmo o Hugo Almeida.
Diego, como sabem, foi também despachado para o Werder Bremen. Ainda estou para perceber esta história. Ou muito me engano ou daqui a uns tempos ele está a regressar a Portugal.
Bruno Vale, Areias, Paulo Machado, Ivanildo, Maciel, Pitbull e Hélder Barbosa foram emprestados. Areias, Maciel e Pitbull porque não têm, obviamente, lugar no plantel. Os 4 jovens vão rodar em equipas da 1ª Liga para crescerem.
A incógnita é, pela 3ª(?) época consecutiva, a permanência ou não de McCarthy. Que ele quer sair já toda a gente sabe, que nós queremos que ele saia também. O problema é que, para além de ninguém estar disposto a pagar muito por ele, o Porto ainda não conseguiu contratar um ponta-de-lança que o possa substituir. Fala-se muito de Hesselink mas quando os negócios se arrastam muito já se sabe que correm mal. Já para não dizer que o monstrinho holandês me parece mais um substituto do Hugo Almeida que do McCarthy e isso sim é preocupante.
O balanço final parece-me equilibrado. Fora a saída inexplicável de Diego, o plantel não perdeu grande coisa e também não ganhou grande coisa.
Tendo em conta o campeonato, pode chegar outra vez mas continuo a achar-nos muito pouco preparados para a Champions.
09 julho, 2006
Portugal - Alemanha
Como é que eu um dia vou explicar aos meus filhos...
... porque é que Portugal tinha direito a estar desmotivado neste jogo quando um 3º ou 4º lugar são sempre óptimos resultados?
(porque é que eu acabei de dizer que o 3º ou o 4º lugar são óptimos lugares para Portugal se até perdermos com a França nos auto-denominámos como "um dos principais favoritos"?)
... porque é que a Alemanha não veio com este discurso e encarou antes este jogo como uma forma de satisfazer os adeptos e jogou bem, para ganhar e dar espectáculo se, a jogar em casa, tinham mais obrigação do que nós de ir à final?
... que, apesar de eles ouvirem os comentadores desta altura a dizerem que aquela bola era capaz de fazer "duas ou três curvas" num só remate, o 1º golo da Alemanha é um grande frango?
... que, apesar de eles verem nos jornais antigos que Portugal teve muito azar nos jogos contra a França e contra a Alemanha, a mãe passou a acreditar numa tal de Caravaggio depois deste Mundial?
... porque é que o Scolari disse antes e depois do jogo que compreendia a frustração dos seus atletas quando supostamente não havia frustração nenhuma?
... porque é que nunca ninguém assumiu que começava a não ter piada nenhuma chegar longe e não ganhar?
... que o Pauleta que eles ouvem dizer que é o maior marcador de sempre da selecção nacional em fases finais só marcou um hattrick a uma Polónia que coitadinha e um golo à fantástica selecção de Angola?
... que o Ricardo que eles vêem na RTP memória a dar um Europeu à Grécia, a dar um campeonato ao benfica e a ser humilhado no Dragão é o mesmo que as pessoas ainda hoje relembram como "o herói do Mundial de 2006"?
... que o banco de Portugal no Mundial de 2006 não era assim tão mau como lhes tinham dito pois quando estávamos a perder podíamos sempre pôr o Postiga(!) ou o Nuno Gomes(!)?
... porque é que esta selecção foi recebida em apoteose por cerca de 10 mil pessoas(!) no Jamor?
... que nesta altura bastava fazer-se uns anúncios a relógios, a bancos ou o que quer que fosse em vez de se assistir a jogos, procurar e avaliar jogadores, procurar tácticas e soluções eficazes e fazer substituições adequadas para que um seleccionador fosse idolatrado?
... que o Figo que eles tinham visto na RTP memória a deixar a selecção depois do Euro era o mesmo que voltou uns meses depois como um herói nacional porque por acaso precisava de um novo contrato?
... que o Cristiano Ronaldo que eles ainda viam aparecer nas revistas cor-de-rosa podia ter sido o melhor do mundo se em 2006 não tivesse dado uma volta de 180º graus na sua personalidade?
... que o Deco que eles sabiam ter sido um dos três melhores jogadores portugueses neste Mundial afinal era brasileiro e antes de entrar neste grupo tinha sido criticado pelo tal Figo e Comp. LDA?
... que tirar o único avançado e pôr um médio quando se está a perder não era nesta altura considerada uma má opção?
... que nesta altura havia pessoas que acreditavam mesmo que o Scolari ia ficar em Portugal por carinho e não porque em nenhum outro lado do mundo ele podia ganhar tanto e fazer tão pouco sem ser logo corrido?
... que "honrar o meu país" era uma forma dos jogadores dizerem ganhar prémios de jogo sem que ninguém ficasse chocado?
... que a mãe não era a única pessoa que gostava de questionar-se sobre estas coisas, mas que era considerada maluca por isso mesmo?
... que depois disto tudo a mãe só queria era que começasse a temporada de 2006/2007 para que a sua sanidade futebolística recuperasse do choque?
... porque é que Portugal tinha direito a estar desmotivado neste jogo quando um 3º ou 4º lugar são sempre óptimos resultados?
(porque é que eu acabei de dizer que o 3º ou o 4º lugar são óptimos lugares para Portugal se até perdermos com a França nos auto-denominámos como "um dos principais favoritos"?)
... porque é que a Alemanha não veio com este discurso e encarou antes este jogo como uma forma de satisfazer os adeptos e jogou bem, para ganhar e dar espectáculo se, a jogar em casa, tinham mais obrigação do que nós de ir à final?
... que, apesar de eles ouvirem os comentadores desta altura a dizerem que aquela bola era capaz de fazer "duas ou três curvas" num só remate, o 1º golo da Alemanha é um grande frango?
... que, apesar de eles verem nos jornais antigos que Portugal teve muito azar nos jogos contra a França e contra a Alemanha, a mãe passou a acreditar numa tal de Caravaggio depois deste Mundial?
... porque é que o Scolari disse antes e depois do jogo que compreendia a frustração dos seus atletas quando supostamente não havia frustração nenhuma?
... porque é que nunca ninguém assumiu que começava a não ter piada nenhuma chegar longe e não ganhar?
... que o Pauleta que eles ouvem dizer que é o maior marcador de sempre da selecção nacional em fases finais só marcou um hattrick a uma Polónia que coitadinha e um golo à fantástica selecção de Angola?
... que o Ricardo que eles vêem na RTP memória a dar um Europeu à Grécia, a dar um campeonato ao benfica e a ser humilhado no Dragão é o mesmo que as pessoas ainda hoje relembram como "o herói do Mundial de 2006"?
... que o banco de Portugal no Mundial de 2006 não era assim tão mau como lhes tinham dito pois quando estávamos a perder podíamos sempre pôr o Postiga(!) ou o Nuno Gomes(!)?
... porque é que esta selecção foi recebida em apoteose por cerca de 10 mil pessoas(!) no Jamor?
... que nesta altura bastava fazer-se uns anúncios a relógios, a bancos ou o que quer que fosse em vez de se assistir a jogos, procurar e avaliar jogadores, procurar tácticas e soluções eficazes e fazer substituições adequadas para que um seleccionador fosse idolatrado?
... que o Figo que eles tinham visto na RTP memória a deixar a selecção depois do Euro era o mesmo que voltou uns meses depois como um herói nacional porque por acaso precisava de um novo contrato?
... que o Cristiano Ronaldo que eles ainda viam aparecer nas revistas cor-de-rosa podia ter sido o melhor do mundo se em 2006 não tivesse dado uma volta de 180º graus na sua personalidade?
... que o Deco que eles sabiam ter sido um dos três melhores jogadores portugueses neste Mundial afinal era brasileiro e antes de entrar neste grupo tinha sido criticado pelo tal Figo e Comp. LDA?
... que tirar o único avançado e pôr um médio quando se está a perder não era nesta altura considerada uma má opção?
... que nesta altura havia pessoas que acreditavam mesmo que o Scolari ia ficar em Portugal por carinho e não porque em nenhum outro lado do mundo ele podia ganhar tanto e fazer tão pouco sem ser logo corrido?
... que "honrar o meu país" era uma forma dos jogadores dizerem ganhar prémios de jogo sem que ninguém ficasse chocado?
... que a mãe não era a única pessoa que gostava de questionar-se sobre estas coisas, mas que era considerada maluca por isso mesmo?
... que depois disto tudo a mãe só queria era que começasse a temporada de 2006/2007 para que a sua sanidade futebolística recuperasse do choque?
06 julho, 2006
Portugal - França
Pois é, Portugal não vai ser campeão do mundo. A nossa melhor selecção de sempre não passou o teste contra uma França que, dizem os "especialistas de futebol em tempo de selecção", pouco ou nada jogou neste Mundial.
Na ressaca de mais uma eliminação perante os francius, diz-se que fomos roubados e que Portugal merecia pelo menos a final.
Ora, quanto ao jogo e à arbitragem a minha opinião é simples: o árbitro não influenciou o resultado. Ricardo Carvalho faz falta sobre Henry e nenhuma das outras mil tentativas de sacar um penalty de compensação (mesmo à Tuga, pois claro) me parece justificar estas queixas todas. De resto, a França controlou e a verdade é que quando Portugal teve mesmo que assumir o jogo e atacar (pela 1ª vez neste Mundial, saliente-se) não foi capaz de o fazer.
Quanto ao choro todo porque supostamente mereciamos a final acho que, em primeiro lugar, as pessoas deviam estar era muito contentes porque chegar até às meias é, afinal de contas, uma coisa que conseguimos 2 vezes na vida.
Em relação ao mérito, é muito discutível porque eu já ouvi os tais "especialistas de futebol em tempo de selecção" (que são na sua maioria mulheres e metem-me um nojo do pior) a dizerem: "não sei como é que a Itália está na final. Não jogam nada comparados connosco". Por favor, alguém lhes explique o que quer dizer catenaccio. Pronto, já nem peço tanto: emprestem-lhes só uns vídeos da Itália e vejam os jogos com essas pessoas. Expliquem-lhes como não sofrer um golo por sorte e marcar na mesma jogada faz dos italianos temidos, respeitados e mortíferos como ninguém. Expliquem-lhes que isso é futebol. Para quem diz que nós temos um grande ataque e eles só sabem defender, mostrem-lhes a diferença entre um Toni e um Pauleta. Isto é mérito.
Mérito é o que os "velhos" franceses (eu comecei o Mundial a dizer que com estes velhos nem era preciso gente nova...) mostraram ao mundo depois de serem chacinados pela imprensa. Mérito é pegar em meia dúzia de putos "desconhecidos" e fazer uma selecção como a Alemanha de Klinsmann. E mérito é também um país como Portugal lutar contra estes países desenvolvidos dos quais estamos a anos-luz de distância. E não estou só a falar a nível social ou económico. Estou mesmo a falar em termos de futebol, porque em termos de selecção nem podemos comparar títulos porque simplesmente nós não os temos. E, apesar deste mérito e apesar desta selecção ter tido o apoio que nunca nenhuma outra teve, a verdade é que continuamos sem o mais importante: taças.
Mais uma vez, o mal foi sonharem muito alto. É verdade que para chegarem a Berlim só faltou um bocadinho assim mas um tiraço do Maniche ou umas defesas do Ricardo nos penalties não colam todos os dias. Esse bocadinho assim devia ter sido um bocadão a mais de futebol bem jogado. Pronto, admito que eu também sou um bocado exigente.
Se fosse a minha equipa o jogo contra o México preocupava-me imenso, o jogo contra o Irão deixava-me furiosa e o jogo contra Angola dava-me motivos para os ameaçar de morte. Se fosse a minha equipa o jogo contra a Holanda enchia-me de vergonha e o jogo contra a Inglaterra fazia-me acreditar numa santa qualquer. Se fosse a minha equipa depois do jogo contra a França eu ia gritar-lhes ao aeroporto "porque é que nem a perder fazem pela vida?". Se fosse a minha equipa e eu tivesse as mesmas expectativas que os maluquinhos da selecção (ando a tentar arranjar-lhes uma designação mais formal, mas esta parece-me a mais próxima da realidade) exigia um bocado mais: talvez um ponta-de-lança que escusava de ser o melhor marcador de sempre do país, bastava que conseguisse mesmo marcar em jogos contra equipas a sério; talvez dois extremos que escusavam de ser dos melhores do mundo, bastava que fizessem mais do que pensar em contratos com o Inter de Milão e o Real Madrid; talvez um guarda-redes que escusava de defender muitos penalties (com ou sem luvas), bastava que me deixasse segura e que não me tirasse um Europeu na minha própria casa; talvez um treinador que fosse capaz de pensar além de "estou a perder. Vou tirar o Miguel e pôr o Paulo Ferreira. Vou tirar o Pauleta e pôr o Simão. Vou tirar o Costinha e pôr o Postiga", que procurasse opções para além dos convocados que vinham no jornal. Porra, sei lá, bastava um treinador que efectivamente treinasse!!
Enfim, acabou. Agora resta-nos ver os mil anúncios de "Obrigado selecção", "Obrigado Scolari", "Obrigado herói do Montijo" e todas essas parolices ridículas enquanto a Itália e a França ficam com um troféu a sério e nós vamos condecorando uma equipa sem títulos. Mas com "mérito".
Na ressaca de mais uma eliminação perante os francius, diz-se que fomos roubados e que Portugal merecia pelo menos a final.
Ora, quanto ao jogo e à arbitragem a minha opinião é simples: o árbitro não influenciou o resultado. Ricardo Carvalho faz falta sobre Henry e nenhuma das outras mil tentativas de sacar um penalty de compensação (mesmo à Tuga, pois claro) me parece justificar estas queixas todas. De resto, a França controlou e a verdade é que quando Portugal teve mesmo que assumir o jogo e atacar (pela 1ª vez neste Mundial, saliente-se) não foi capaz de o fazer.
Quanto ao choro todo porque supostamente mereciamos a final acho que, em primeiro lugar, as pessoas deviam estar era muito contentes porque chegar até às meias é, afinal de contas, uma coisa que conseguimos 2 vezes na vida.
Em relação ao mérito, é muito discutível porque eu já ouvi os tais "especialistas de futebol em tempo de selecção" (que são na sua maioria mulheres e metem-me um nojo do pior) a dizerem: "não sei como é que a Itália está na final. Não jogam nada comparados connosco". Por favor, alguém lhes explique o que quer dizer catenaccio. Pronto, já nem peço tanto: emprestem-lhes só uns vídeos da Itália e vejam os jogos com essas pessoas. Expliquem-lhes como não sofrer um golo por sorte e marcar na mesma jogada faz dos italianos temidos, respeitados e mortíferos como ninguém. Expliquem-lhes que isso é futebol. Para quem diz que nós temos um grande ataque e eles só sabem defender, mostrem-lhes a diferença entre um Toni e um Pauleta. Isto é mérito.
Mérito é o que os "velhos" franceses (eu comecei o Mundial a dizer que com estes velhos nem era preciso gente nova...) mostraram ao mundo depois de serem chacinados pela imprensa. Mérito é pegar em meia dúzia de putos "desconhecidos" e fazer uma selecção como a Alemanha de Klinsmann. E mérito é também um país como Portugal lutar contra estes países desenvolvidos dos quais estamos a anos-luz de distância. E não estou só a falar a nível social ou económico. Estou mesmo a falar em termos de futebol, porque em termos de selecção nem podemos comparar títulos porque simplesmente nós não os temos. E, apesar deste mérito e apesar desta selecção ter tido o apoio que nunca nenhuma outra teve, a verdade é que continuamos sem o mais importante: taças.
Mais uma vez, o mal foi sonharem muito alto. É verdade que para chegarem a Berlim só faltou um bocadinho assim mas um tiraço do Maniche ou umas defesas do Ricardo nos penalties não colam todos os dias. Esse bocadinho assim devia ter sido um bocadão a mais de futebol bem jogado. Pronto, admito que eu também sou um bocado exigente.
Se fosse a minha equipa o jogo contra o México preocupava-me imenso, o jogo contra o Irão deixava-me furiosa e o jogo contra Angola dava-me motivos para os ameaçar de morte. Se fosse a minha equipa o jogo contra a Holanda enchia-me de vergonha e o jogo contra a Inglaterra fazia-me acreditar numa santa qualquer. Se fosse a minha equipa depois do jogo contra a França eu ia gritar-lhes ao aeroporto "porque é que nem a perder fazem pela vida?". Se fosse a minha equipa e eu tivesse as mesmas expectativas que os maluquinhos da selecção (ando a tentar arranjar-lhes uma designação mais formal, mas esta parece-me a mais próxima da realidade) exigia um bocado mais: talvez um ponta-de-lança que escusava de ser o melhor marcador de sempre do país, bastava que conseguisse mesmo marcar em jogos contra equipas a sério; talvez dois extremos que escusavam de ser dos melhores do mundo, bastava que fizessem mais do que pensar em contratos com o Inter de Milão e o Real Madrid; talvez um guarda-redes que escusava de defender muitos penalties (com ou sem luvas), bastava que me deixasse segura e que não me tirasse um Europeu na minha própria casa; talvez um treinador que fosse capaz de pensar além de "estou a perder. Vou tirar o Miguel e pôr o Paulo Ferreira. Vou tirar o Pauleta e pôr o Simão. Vou tirar o Costinha e pôr o Postiga", que procurasse opções para além dos convocados que vinham no jornal. Porra, sei lá, bastava um treinador que efectivamente treinasse!!
Enfim, acabou. Agora resta-nos ver os mil anúncios de "Obrigado selecção", "Obrigado Scolari", "Obrigado herói do Montijo" e todas essas parolices ridículas enquanto a Itália e a França ficam com um troféu a sério e nós vamos condecorando uma equipa sem títulos. Mas com "mérito".
04 julho, 2006
Portugal - Inglaterra
Sem Deco e Costinha, Scolari põe Petit e Tiago. Se a troca até é aparentemente óbvia, pareceu-me que faltou muito trabalho técnico porque Portugal jogou toda a partida sem um organizador de jogo. Tiago não sabia se tinha que "fazer de Deco" ou "fazer de Maniche" enquanto o Maniche "fazia de Deco". Nem sequer foi inteligente ao ponto de pôr o Figo no meio e pôr o Simão de início ou dar a tarefa de organizar ao próprio Simão e deixar estar o Figo quietinho no seu canto, como ele gosta.
Sendo assim, faltou o elo fundamental para ligar a equipa e, como tal, foi ver Pauleta sem bola o jogo todo (o que não é, bem vistas as coisas, uma grande novidade).
Mesmo assim, Portugal jogou bem e criou oportunidades. Do outro lado, a Inglaterra parecia mais bem organizada mas o facto é que o perigo ia sendo equilibrado.
Os 90 minutos, embora sem golos, tiveram boas jogadas e houve vários jogadores que se destacaram. Do lado português, Ricardo Carvalho é aquele adivinho que toda a gente sabe. Do lado inglês, Hargreaves foi perfeito.
Rooney foi bem expulso e só mostrou que para se ser um dos melhores não basta dar uns toques. Também é nisto que se distinguem os muito bons dos brilhantes.
No prolongamento, a Inglaterra continuou a dominar (se é que se pode chamar àquilo domínio) mas Portugal também teve boas hipóteses.
Nos penalties, Ricardo defendeu muito bem o de Lampard e depois foi vê-los a enterrarem-se, embora o Hugo Viana e o Petit ainda tenham contribuído para meia dúzia de ataques cardíacos.
Portugal está nas meias-finais. Ao contrário de muita gente que me rodeia, eu continuo exactamente com as mesmas opiniões e, como tal, sou coerente ao ponto de continuar neutra. Felizmente ou infelizmente, o problema é que a selecção nunca mexeu nem mexe comigo, por muito longe que eles cheguem ou por muito que os outros países nos piquem. Se este jogo envolvesse o Porto eu tinha morrido, mas com a selecção mal me enervei. Já tenho sido criticada por pessoas que começaram este Mundial anti-Portugal e agora vão para o Castelo do Queijo de cachecol e bandeirinha vibrar. E isso sim, irrita-me. Tal como me irrita explicar tudo isto aos milhões de pessoas que não percebem um crl de futebol, que passam o ano sem falar de bola e que agora são todos uns malucos pela selecção. Pior, já se acham no direito de me dizer "por muito que o critiques, tens que admitir que o Ricardo foi um herói" (como se eu alguma vez criticasse o meu Ricardinho e como se dois jogos contra a Inglaterra na vida dele justificassem toda uma carreira) ou então "tu não gostas dele porque ele se chateou com o Porto, mas tens que admitir que o Scolari é um grande treinador" (como se eu me chateasse com o facto de ele não gostar do Porto e como se os resultados - que até agora, relembro, são zero em termos de títulos - justificassem o não ver jogos, o não procurar jogadores, as substituições brilhantes, etc etc) ou ainda quando me vêm com expressões futebolísticas que aprenderam há meia dúzia de dias.
Detesto o típico adepto da selecção mas detesto ainda mais os adeptos de ocasião. Detesto esta gente que não percebe nada de futebol e que vem dizer-me que "Portugal é a selecção que joga melhor neste Mundial", que não sabe o que é ir à bola mas que está sempre batidinha no Castelo do Queijo.
Detesto esta onda nacional de idolatrar cegamente aqueles gajos que correm por prémios de jogo e que voltam à selecção para conseguirem um contrato. Detesto que neste país não se possa dizer que O FIGO NÃO ESTÁ A JOGAR UM CRL e O CRISTIANO RONALDO ESTÁ A PENSAR É NA MERCHE E NO REAL MADRID. Detesto que não se questionem as opções. Detesto os programas de televisão, todos em directo da Alemanha, com as Merches e os Malatos cheios de cachecóis e a dizerem que "o Ricardo deu uma lição a quem duvidava dele" com tanta convicção como se estivessem a dizer que o céu é azul. Detesto que digam "nunca sofri tanto como neste jogo" quando sabem lá o que é sofrer como eu num estrela da amadora-Porto.
Mas numa coisa isto tem sido bom: a imprensa portuguesa aprendeu finalmente a deixar de ser politicamente correcta. Foi preciso picar esta selecção para finalmente responderem aos arrogantes dos ingleses e dos franceses. Ainda hoje vi a capa do Jogo chamar idiota a um jogador francês e pensei: "hum... se quando o Fergunson chamou teatreiro ao Baía isto fosse assim então o nosso jornalismo estava finalmente no bom caminho".
Segue-se a França. Se a Caravaggio não nos deixar agora, acredito que Portugal tem condições para ganhar.
P.S. Relembro aos mais distraídos que isto é um blog pessoal. Aqui escrevo o que penso e assumo a responsabilidade por isso. Dou a cara sem qualquer problema e sou capaz de admitir que erro. Se alguém, por algum motivo, acha que eu não percebo nada de futebol e não mando uma para a caixa, a blogosfera é muito grande, escusam de andar sempre por aqui.
Sendo assim, faltou o elo fundamental para ligar a equipa e, como tal, foi ver Pauleta sem bola o jogo todo (o que não é, bem vistas as coisas, uma grande novidade).
Mesmo assim, Portugal jogou bem e criou oportunidades. Do outro lado, a Inglaterra parecia mais bem organizada mas o facto é que o perigo ia sendo equilibrado.
Os 90 minutos, embora sem golos, tiveram boas jogadas e houve vários jogadores que se destacaram. Do lado português, Ricardo Carvalho é aquele adivinho que toda a gente sabe. Do lado inglês, Hargreaves foi perfeito.
Rooney foi bem expulso e só mostrou que para se ser um dos melhores não basta dar uns toques. Também é nisto que se distinguem os muito bons dos brilhantes.
No prolongamento, a Inglaterra continuou a dominar (se é que se pode chamar àquilo domínio) mas Portugal também teve boas hipóteses.
Nos penalties, Ricardo defendeu muito bem o de Lampard e depois foi vê-los a enterrarem-se, embora o Hugo Viana e o Petit ainda tenham contribuído para meia dúzia de ataques cardíacos.
Portugal está nas meias-finais. Ao contrário de muita gente que me rodeia, eu continuo exactamente com as mesmas opiniões e, como tal, sou coerente ao ponto de continuar neutra. Felizmente ou infelizmente, o problema é que a selecção nunca mexeu nem mexe comigo, por muito longe que eles cheguem ou por muito que os outros países nos piquem. Se este jogo envolvesse o Porto eu tinha morrido, mas com a selecção mal me enervei. Já tenho sido criticada por pessoas que começaram este Mundial anti-Portugal e agora vão para o Castelo do Queijo de cachecol e bandeirinha vibrar. E isso sim, irrita-me. Tal como me irrita explicar tudo isto aos milhões de pessoas que não percebem um crl de futebol, que passam o ano sem falar de bola e que agora são todos uns malucos pela selecção. Pior, já se acham no direito de me dizer "por muito que o critiques, tens que admitir que o Ricardo foi um herói" (como se eu alguma vez criticasse o meu Ricardinho e como se dois jogos contra a Inglaterra na vida dele justificassem toda uma carreira) ou então "tu não gostas dele porque ele se chateou com o Porto, mas tens que admitir que o Scolari é um grande treinador" (como se eu me chateasse com o facto de ele não gostar do Porto e como se os resultados - que até agora, relembro, são zero em termos de títulos - justificassem o não ver jogos, o não procurar jogadores, as substituições brilhantes, etc etc) ou ainda quando me vêm com expressões futebolísticas que aprenderam há meia dúzia de dias.
Detesto o típico adepto da selecção mas detesto ainda mais os adeptos de ocasião. Detesto esta gente que não percebe nada de futebol e que vem dizer-me que "Portugal é a selecção que joga melhor neste Mundial", que não sabe o que é ir à bola mas que está sempre batidinha no Castelo do Queijo.
Detesto esta onda nacional de idolatrar cegamente aqueles gajos que correm por prémios de jogo e que voltam à selecção para conseguirem um contrato. Detesto que neste país não se possa dizer que O FIGO NÃO ESTÁ A JOGAR UM CRL e O CRISTIANO RONALDO ESTÁ A PENSAR É NA MERCHE E NO REAL MADRID. Detesto que não se questionem as opções. Detesto os programas de televisão, todos em directo da Alemanha, com as Merches e os Malatos cheios de cachecóis e a dizerem que "o Ricardo deu uma lição a quem duvidava dele" com tanta convicção como se estivessem a dizer que o céu é azul. Detesto que digam "nunca sofri tanto como neste jogo" quando sabem lá o que é sofrer como eu num estrela da amadora-Porto.
Mas numa coisa isto tem sido bom: a imprensa portuguesa aprendeu finalmente a deixar de ser politicamente correcta. Foi preciso picar esta selecção para finalmente responderem aos arrogantes dos ingleses e dos franceses. Ainda hoje vi a capa do Jogo chamar idiota a um jogador francês e pensei: "hum... se quando o Fergunson chamou teatreiro ao Baía isto fosse assim então o nosso jornalismo estava finalmente no bom caminho".
Segue-se a França. Se a Caravaggio não nos deixar agora, acredito que Portugal tem condições para ganhar.
P.S. Relembro aos mais distraídos que isto é um blog pessoal. Aqui escrevo o que penso e assumo a responsabilidade por isso. Dou a cara sem qualquer problema e sou capaz de admitir que erro. Se alguém, por algum motivo, acha que eu não percebo nada de futebol e não mando uma para a caixa, a blogosfera é muito grande, escusam de andar sempre por aqui.
30 junho, 2006
Portugal - Holanda
Ora aqui estou eu para comentar a passagem de Portugal aos quartos-de-final. Desculpem o atraso (eu sei que deve custar andar sempre aqui a ver quando posto, mas ao contrário de muito boa gente eu tenho vida), mas ainda vou a tempo de dizer o que penso.
Ora bem, quanto ao jogo em si quase tudo já foi dito nos últimos dias: porrada, porrada, porrada e muito pouco fair-play. Foi "quentinho" e eu gostei por isso.
Maniche marcou depois de uma grande jogada (aleluia!) e finalmente relembrou-nos o que já foi capaz de fazer (é lixado ter que fazer pela vida não é? Vá, arranja lá um contrato fixe para fugires da Sibéria). Depois a Holanda mandou uma bola à barra (lá estava a Caravaggio para proteger o pessoal) e pouco mais de futebol se viu (eu ainda vi um pontapé do Nuno Valente ao Robben tipo Kill Bill em plena área mas fui só eu porque nem se sabe muito bem o que o árbitro marcou para anular a jogada e ninguém fala disso).
Portugal controlou o jogo, soube lutar até ao fim (uns tiveram que ficar pelo caminho porque aquilo já estava a ficar cansativo e nos balneários há um jacuzzi porreiro - não é Costinha?) e mereceu a vitória.
Se acham que ando a engolir muitos sapos, enganam-se. Não tive uma só surpresa nos oitavos-de-final, então quando vi a Holanda a entrar no jogo de nervos no qual somos peritos (volta João Pinto, estás perdoado) tive a certeza que estava no papo. De resto, não mudei de opinião em relação a nada. Não sou de torcer contra Portugal no Euro2004 e agora vibrar com praticamente os mesmos jogadores. Sou coerente e, como tal, continuo neutra nisto de Mundial.
Entretanto, nos últimos dias, Portugal entrou numa de conversa de putos: "foi a Holanda que começou!" enquanto os holandeses se auto-criticaram. É engraçado que isto aconteça sendo que nós temos um historial de fair-play que fala por nós e a escola holandesa é um exemplo mundial de bom comportamento. Mas isto não interessa para ninguém porque o 1º a dar foi o não sei quantos ao Cristiano Ronaldo e o menino teve que sair (e ele até estava a ser tão determinante!). A única coisa positiva disto é que assim tivemos com que abrir os telejornais a semana toda: Cristiano Ronaldo está quase a 100% - uma informação fundamental para o país.
Era vermelho directo, é verdade. O Costinha foi burro que deus me livre, é verdade (mas ninguém fala disso fora os anti-portistas como se isso nos afectasse imenso). Não tiveram fair-play na jogada que antecede a troçada do Deco para vermelho directo, é verdade. Mas eu pergunto-vos: quantas vezes não gritaram aos vossos jogadores "SEGUE ESSA MERDA" quando a outra equipa está a empatar tempo? Ah,pois... Não é bonito pois não? Mas todos fazemos isto. Eu não sou adepta da selecção portuguesa e muito menos da holandesa, e por isso mais facilmente tenho capacidade para pensar nestes pormenores, enquanto o país se revolta com a imagem do Deco a levar o 2º amarelo quando já devia estar cá fora.
Resumindo: foi feio, demasiado duro e deu-nos mais uma vez má imagem. Mas eu até gostei. Pelo menos deu pica! Já que os três primeiros jogos só davam para adormecer ao menos neste fiquei colada até ao fim.
E agora segue-se a Inglaterra, um velho conhecido que no campeonato da arrogância já ganhou aos pontos. Não há Costinha, não há Deco (adorei um inglês que disse "No Deco, no Portugal" - dava um grande slogan para o que é esta selecção) e o Scolari vai ter de inventar (medo...).
Vamos lá ver se continuamos numa de arrumar com os ingleses em tudo o que é prova. Mas lembrem-se que os espanhóis começaram o último jogo com OLÉS aos franceses e depois foi o que foi.
Estou a ressacar de bola "a sério". Venha mas é o campeonato!
Ora bem, quanto ao jogo em si quase tudo já foi dito nos últimos dias: porrada, porrada, porrada e muito pouco fair-play. Foi "quentinho" e eu gostei por isso.
Maniche marcou depois de uma grande jogada (aleluia!) e finalmente relembrou-nos o que já foi capaz de fazer (é lixado ter que fazer pela vida não é? Vá, arranja lá um contrato fixe para fugires da Sibéria). Depois a Holanda mandou uma bola à barra (lá estava a Caravaggio para proteger o pessoal) e pouco mais de futebol se viu (eu ainda vi um pontapé do Nuno Valente ao Robben tipo Kill Bill em plena área mas fui só eu porque nem se sabe muito bem o que o árbitro marcou para anular a jogada e ninguém fala disso).
Portugal controlou o jogo, soube lutar até ao fim (uns tiveram que ficar pelo caminho porque aquilo já estava a ficar cansativo e nos balneários há um jacuzzi porreiro - não é Costinha?) e mereceu a vitória.
Se acham que ando a engolir muitos sapos, enganam-se. Não tive uma só surpresa nos oitavos-de-final, então quando vi a Holanda a entrar no jogo de nervos no qual somos peritos (volta João Pinto, estás perdoado) tive a certeza que estava no papo. De resto, não mudei de opinião em relação a nada. Não sou de torcer contra Portugal no Euro2004 e agora vibrar com praticamente os mesmos jogadores. Sou coerente e, como tal, continuo neutra nisto de Mundial.
Entretanto, nos últimos dias, Portugal entrou numa de conversa de putos: "foi a Holanda que começou!" enquanto os holandeses se auto-criticaram. É engraçado que isto aconteça sendo que nós temos um historial de fair-play que fala por nós e a escola holandesa é um exemplo mundial de bom comportamento. Mas isto não interessa para ninguém porque o 1º a dar foi o não sei quantos ao Cristiano Ronaldo e o menino teve que sair (e ele até estava a ser tão determinante!). A única coisa positiva disto é que assim tivemos com que abrir os telejornais a semana toda: Cristiano Ronaldo está quase a 100% - uma informação fundamental para o país.
Era vermelho directo, é verdade. O Costinha foi burro que deus me livre, é verdade (mas ninguém fala disso fora os anti-portistas como se isso nos afectasse imenso). Não tiveram fair-play na jogada que antecede a troçada do Deco para vermelho directo, é verdade. Mas eu pergunto-vos: quantas vezes não gritaram aos vossos jogadores "SEGUE ESSA MERDA" quando a outra equipa está a empatar tempo? Ah,pois... Não é bonito pois não? Mas todos fazemos isto. Eu não sou adepta da selecção portuguesa e muito menos da holandesa, e por isso mais facilmente tenho capacidade para pensar nestes pormenores, enquanto o país se revolta com a imagem do Deco a levar o 2º amarelo quando já devia estar cá fora.
Resumindo: foi feio, demasiado duro e deu-nos mais uma vez má imagem. Mas eu até gostei. Pelo menos deu pica! Já que os três primeiros jogos só davam para adormecer ao menos neste fiquei colada até ao fim.
E agora segue-se a Inglaterra, um velho conhecido que no campeonato da arrogância já ganhou aos pontos. Não há Costinha, não há Deco (adorei um inglês que disse "No Deco, no Portugal" - dava um grande slogan para o que é esta selecção) e o Scolari vai ter de inventar (medo...).
Vamos lá ver se continuamos numa de arrumar com os ingleses em tudo o que é prova. Mas lembrem-se que os espanhóis começaram o último jogo com OLÉS aos franceses e depois foi o que foi.
Estou a ressacar de bola "a sério". Venha mas é o campeonato!
24 junho, 2006
Portugal - México
Não tenho grande coisa a acrescentar ao que já disse sobre Portugal e sobre este grupo.
Gostei da jogada do 1º golo (o Simãozinho e o Maniche nem estão desesperados à procura de clube nem nada...), gostei do jeito do Ricardinho (porque este nunca me desilude) e gostei da frescura do Figo.
Vá lá que vem aí a Holanda e já sabemos que com estes temos sempre hipóteses.
Gostei da jogada do 1º golo (o Simãozinho e o Maniche nem estão desesperados à procura de clube nem nada...), gostei do jeito do Ricardinho (porque este nunca me desilude) e gostei da frescura do Figo.
Vá lá que vem aí a Holanda e já sabemos que com estes temos sempre hipóteses.
19 junho, 2006
Portugal - Irão
Estou a gostar deste Mundial. De 90 não me lembro de nada, de 94 lembro-me de torcer pela Itália nem sabia porquê, de 98 lembro-me da pouca qualidade, de 2002 lembro-me dos roubos de arbitragem. Este, não sei porquê, mas tem sido diferente.
As grandes equipas estão todas lá e, à excepção de um ou outro deslize que ainda vão a tempo de ser corrigidos, ganham e convencem. Viram a Argentina? Parece fácil jogar assim...
Os grandes jogadores também dão nas vistas. Olhem o Brasil. Não joga nada, é assobiado e tal. O Ronaldinho passa para o Ronaldo como quem não quer a coisa, o gordo troca-se todo com a bola e passa para o Adriano, e este quase nem precisa de se mexer para pô-la no sítio certo.
Os "pequenos" tentam milagres e, apesar de ainda não terem havido grandes surpresas, dão sempre luta. Ainda hoje o Togo perdeu 2-0 com a Suiça mas quem viu sabe que o resultado engana, até porque não foi assinalado um penalty a favor do Togo. Ou então falemos do Gana, que deu uma lição de futebol aos "grandes", quando a ganhar um jogo determinante continuou a dar espectáculo (à sua medida, claro) e a jogar para marcar.
Acima de tudo, tenho gostado de ver futebol. Gosto do atrevimento do Equador, da simplicidade da Alemanha, do pragmatismo da Inglaterra, do espectáculo da Argentina, da objectividade da Holanda, da união da Itália, da maluqueira do Gana, da táctica da Austrália, do Brasil que é sempre o Brasil, da "velha" França (com velhos como Zidane, Henry e Vieira quem é que precisa de gente nova??), da jovem Espanha, da persistente Coreia do Sul, da organizada Tunísia e de todas as selecções cujos resultados não têm sido grande coisa mas que mostram que têm a lição bem estudada.
Neste Mundial, a única coisa que se dispensava, para mim, era o grupo D. O México, "o favorito", não tem metade do valor de outros Méxicos. Angola é aquilo que toda a gente sabe: 11 gajos cheios de vontade e, pronto, é só isso. O Irão já é mais organizado e tal, mas também não passa disso. E há Portugal, "o quase campeão mundial" para os portugueses, que ainda deve estar para perceber como é que estes adversários conseguiram o passaporte para o Mundial.
Sinceramente, mete dó ver os jogos deste grupo. Ainda não se viu aqui uma grande equipa, um jogador que se destaque, tácticas ou técnicas supreendentes. Porra, para o melhor golo marcado neste grupo foi preciso o Deco escorregar!
Eu, que tento ver todos os jogos, não imagino o que pensam os estrangeiros que fazem o mesmo quando estão a ver estes jogos. Deve ser complicado para um Sérvio saber que tem uma grande equipa, ir parar ao grupo C quando o D é já ali à beira.
A sério, alguém me explica como é que uma Costa do Marfim é eliminada quando jogou nas duas partidas bem melhor que o México? Como é que sai a fava a uma Ucrânia que leva 4 da Espanha, mas Angola tem direito a dar luta? Como é que o Uzebequistão não está no Mundial, mas o Irão está? Como é que o Brasil é criticado e Portugal é elogiado?
Dizem que Portugal jogou melhor; eu acho que a única diferença de um jogo para o outro se chama Deco. Dizem que nunca tínhamos sido apurados tão facilmente e há valor nisso; eu acho que nunca ninguém esteve com Angola, Irão e México no mesmo grupo. Dizem que o mérito é do seleccionador; eu acho que trocar o Maniche pelo Petit, o Deco pelo Tiago e o Figo pelo Simão num jogo como este foi de génio para quem ganha meia dúzia de tostões. Dizem que podemos chegar longe porque temos dos melhores jogadores do mundo; eu acho que o Figo está lá pela selecção e o Cristiano Ronaldo gosta mais das quinas do que da Merche.
Bem, espero que ao menos sirvam para deixar o México passar, porque se Angola vai aos oitavos o Mundial perde toda a credibilidade competitiva.
P.S. a conclusão é que, se o Scolari estava a rezar à Nossa Sra. do Caravaggio durante o sorteio, então ela é mesmo uma gaja cheia de sorte e qualquer dia começo a acreditar na fé.
As grandes equipas estão todas lá e, à excepção de um ou outro deslize que ainda vão a tempo de ser corrigidos, ganham e convencem. Viram a Argentina? Parece fácil jogar assim...
Os grandes jogadores também dão nas vistas. Olhem o Brasil. Não joga nada, é assobiado e tal. O Ronaldinho passa para o Ronaldo como quem não quer a coisa, o gordo troca-se todo com a bola e passa para o Adriano, e este quase nem precisa de se mexer para pô-la no sítio certo.
Os "pequenos" tentam milagres e, apesar de ainda não terem havido grandes surpresas, dão sempre luta. Ainda hoje o Togo perdeu 2-0 com a Suiça mas quem viu sabe que o resultado engana, até porque não foi assinalado um penalty a favor do Togo. Ou então falemos do Gana, que deu uma lição de futebol aos "grandes", quando a ganhar um jogo determinante continuou a dar espectáculo (à sua medida, claro) e a jogar para marcar.
Acima de tudo, tenho gostado de ver futebol. Gosto do atrevimento do Equador, da simplicidade da Alemanha, do pragmatismo da Inglaterra, do espectáculo da Argentina, da objectividade da Holanda, da união da Itália, da maluqueira do Gana, da táctica da Austrália, do Brasil que é sempre o Brasil, da "velha" França (com velhos como Zidane, Henry e Vieira quem é que precisa de gente nova??), da jovem Espanha, da persistente Coreia do Sul, da organizada Tunísia e de todas as selecções cujos resultados não têm sido grande coisa mas que mostram que têm a lição bem estudada.
Neste Mundial, a única coisa que se dispensava, para mim, era o grupo D. O México, "o favorito", não tem metade do valor de outros Méxicos. Angola é aquilo que toda a gente sabe: 11 gajos cheios de vontade e, pronto, é só isso. O Irão já é mais organizado e tal, mas também não passa disso. E há Portugal, "o quase campeão mundial" para os portugueses, que ainda deve estar para perceber como é que estes adversários conseguiram o passaporte para o Mundial.
Sinceramente, mete dó ver os jogos deste grupo. Ainda não se viu aqui uma grande equipa, um jogador que se destaque, tácticas ou técnicas supreendentes. Porra, para o melhor golo marcado neste grupo foi preciso o Deco escorregar!
Eu, que tento ver todos os jogos, não imagino o que pensam os estrangeiros que fazem o mesmo quando estão a ver estes jogos. Deve ser complicado para um Sérvio saber que tem uma grande equipa, ir parar ao grupo C quando o D é já ali à beira.
A sério, alguém me explica como é que uma Costa do Marfim é eliminada quando jogou nas duas partidas bem melhor que o México? Como é que sai a fava a uma Ucrânia que leva 4 da Espanha, mas Angola tem direito a dar luta? Como é que o Uzebequistão não está no Mundial, mas o Irão está? Como é que o Brasil é criticado e Portugal é elogiado?
Dizem que Portugal jogou melhor; eu acho que a única diferença de um jogo para o outro se chama Deco. Dizem que nunca tínhamos sido apurados tão facilmente e há valor nisso; eu acho que nunca ninguém esteve com Angola, Irão e México no mesmo grupo. Dizem que o mérito é do seleccionador; eu acho que trocar o Maniche pelo Petit, o Deco pelo Tiago e o Figo pelo Simão num jogo como este foi de génio para quem ganha meia dúzia de tostões. Dizem que podemos chegar longe porque temos dos melhores jogadores do mundo; eu acho que o Figo está lá pela selecção e o Cristiano Ronaldo gosta mais das quinas do que da Merche.
Bem, espero que ao menos sirvam para deixar o México passar, porque se Angola vai aos oitavos o Mundial perde toda a credibilidade competitiva.
P.S. a conclusão é que, se o Scolari estava a rezar à Nossa Sra. do Caravaggio durante o sorteio, então ela é mesmo uma gaja cheia de sorte e qualquer dia começo a acreditar na fé.
13 junho, 2006
Angola - Portugal
Em primeiro lugar, peço desculpa pela ausência de posts nos últimos tempos mas não há tempo para tudo.
Mas mesmo hoje (vou ter exame daqui a umas horitas) não podia deixar de vir aqui falar deste grande confronto do futebol mundial.
Nas últimas semanas não se falava de outra coisa. Não há problemas no país, ninguém quer saber de medidas governamentais, taxas de desemprego ou pobreza. Só dá selecção. Isto apontado por alguém fanático por futebol pode soar a falso, mas é que só no Domingo é que eu percebi como andava enganada.
Ora vejamos, na selecção de Angola encontramos jogadores das divisões secundárias portuguesas, jogadores de grandes clubes angolanos como o... esse(!) e até desempregados. Se calhar bastava dizer que a grande referência desta equipa (pelo menos para nós) é o Mantorras mas eu gosto de complicar.
Mas nos últimos tempos Angola teve tempo de antena que nem durante a guerra colonial teve direito. Os angolanos foram analisados um a um pelos meios de comunicação, as reportagens sobre os palancas multiplicavam-se e os portugueses convenceram-se que Domingo iam assistir a um grande jogo. Foi quase isso.
Meia dúzia de segundos de jogo e Pauleta atira ao lado. Até aqui, tudo normal num grande jogo.
4 minutos e Figo ultrapassa um adversário em corrida(!!), passa para Pauleta e este marca (!!!!). Pronto, foi-se o sonho português. Aquilo não podia ser um jogo a sério!
Há quem diga que até aos 10 minutos Portugal dominou por completo, como se não estivéssemos a falar de uma partida que durou 90, mas pronto. Eu não vi domínio nenhum, basta ver que Angola durante esses 10 minutos conseguiu passar o meio-campo com um pontapé para a frente (trocar a bola não é fácil).
O resto do jogo, sim, provou-me que era mesmo a sério. Portugal não jogou nada, o Pauleta desapareceu, o Cristiano Ronaldo quase que batia em alguém quando foi substituído, Scolari fez umas substituições brilhantes, etc etc. Tudo perfeito.
Mantorras entra e milhões de portugueses ficam na dúvida se hão-de festejar aquilo como se de um golo se tratasse. Eu acreditei nele, mas infelizmente estávamos num jogo a sério e nem uma finta ele fez.
E assim se resume este clássico mundial, só para verem como fomos todos enganados.
Terminado o jogo (e o sofrimento de me manter acordada a ver aquilo), pensei: "coitado do Scolari, já vai ouvir umas bocas. O gajo ganha a Angola por 1-0 (!) e ainda vai ter de aturar. O futebol é muito injusto". Mas não, mais uma vez fui enganada.
Pelo que li e vi, Portugal ganhou bem e controlou o jogo. Não interessa o que vale Angola, não interessa o que se jogou (ou, melhor, o que não se jogou), não interessa que se acabe com 3 médios a defender para segurar o resultado. É verdade, são os 3 pontos que contam no final dos 90 minutos. Mas quando o meu clube está numa competição onde não se pode falhar e joga assim, mesmo que ganhe eu fico no mínimo preocupada para os próximos jogos.
Mas isso não interessa nada. O pessoal quer é festa. O que interessa agora é ir para a Praça da Alegria com um cachecol, uma bandeira e uma camisola, fazer um telejornal em directo de uma terra qualquer alemã onde há muitos portugueses, passar pelo Portugal no Coração e pedir à Merche para acalmar o Ronaldo, ver as notícias de mais uma saída nocturna dos jogadores e esperar pelo próximo portento, o Irão.
Porque não há problemas no país, mas há uma selecção que nos entusiasma imenso!
Mas mesmo hoje (vou ter exame daqui a umas horitas) não podia deixar de vir aqui falar deste grande confronto do futebol mundial.
Nas últimas semanas não se falava de outra coisa. Não há problemas no país, ninguém quer saber de medidas governamentais, taxas de desemprego ou pobreza. Só dá selecção. Isto apontado por alguém fanático por futebol pode soar a falso, mas é que só no Domingo é que eu percebi como andava enganada.
Ora vejamos, na selecção de Angola encontramos jogadores das divisões secundárias portuguesas, jogadores de grandes clubes angolanos como o... esse(!) e até desempregados. Se calhar bastava dizer que a grande referência desta equipa (pelo menos para nós) é o Mantorras mas eu gosto de complicar.
Mas nos últimos tempos Angola teve tempo de antena que nem durante a guerra colonial teve direito. Os angolanos foram analisados um a um pelos meios de comunicação, as reportagens sobre os palancas multiplicavam-se e os portugueses convenceram-se que Domingo iam assistir a um grande jogo. Foi quase isso.
Meia dúzia de segundos de jogo e Pauleta atira ao lado. Até aqui, tudo normal num grande jogo.
4 minutos e Figo ultrapassa um adversário em corrida(!!), passa para Pauleta e este marca (!!!!). Pronto, foi-se o sonho português. Aquilo não podia ser um jogo a sério!
Há quem diga que até aos 10 minutos Portugal dominou por completo, como se não estivéssemos a falar de uma partida que durou 90, mas pronto. Eu não vi domínio nenhum, basta ver que Angola durante esses 10 minutos conseguiu passar o meio-campo com um pontapé para a frente (trocar a bola não é fácil).
O resto do jogo, sim, provou-me que era mesmo a sério. Portugal não jogou nada, o Pauleta desapareceu, o Cristiano Ronaldo quase que batia em alguém quando foi substituído, Scolari fez umas substituições brilhantes, etc etc. Tudo perfeito.
Mantorras entra e milhões de portugueses ficam na dúvida se hão-de festejar aquilo como se de um golo se tratasse. Eu acreditei nele, mas infelizmente estávamos num jogo a sério e nem uma finta ele fez.
E assim se resume este clássico mundial, só para verem como fomos todos enganados.
Terminado o jogo (e o sofrimento de me manter acordada a ver aquilo), pensei: "coitado do Scolari, já vai ouvir umas bocas. O gajo ganha a Angola por 1-0 (!) e ainda vai ter de aturar. O futebol é muito injusto". Mas não, mais uma vez fui enganada.
Pelo que li e vi, Portugal ganhou bem e controlou o jogo. Não interessa o que vale Angola, não interessa o que se jogou (ou, melhor, o que não se jogou), não interessa que se acabe com 3 médios a defender para segurar o resultado. É verdade, são os 3 pontos que contam no final dos 90 minutos. Mas quando o meu clube está numa competição onde não se pode falhar e joga assim, mesmo que ganhe eu fico no mínimo preocupada para os próximos jogos.
Mas isso não interessa nada. O pessoal quer é festa. O que interessa agora é ir para a Praça da Alegria com um cachecol, uma bandeira e uma camisola, fazer um telejornal em directo de uma terra qualquer alemã onde há muitos portugueses, passar pelo Portugal no Coração e pedir à Merche para acalmar o Ronaldo, ver as notícias de mais uma saída nocturna dos jogadores e esperar pelo próximo portento, o Irão.
Porque não há problemas no país, mas há uma selecção que nos entusiasma imenso!
29 maio, 2006
Um senhor no meio de miúdos
Acabou o Europeu de futebol para Portugal. Apesar de vencer a Alemanha e de igualar esta e a Sérvia em termos de pontos, os golos ditaram o afastamento do país organizador.
Não sou pessoa de chorar sobre leite derramado (muito menos quando se trata da selecção), mas admito que contava com mais desta equipa. Afinal de contas, jogaram em casa, com estádios cheios, são bons jogadores e fizeram uma qualificação brilhante. Mas tudo falhou neste europeu.
Falhou a preparação, já que só muito tarde conseguiram reunir todos os jogadores. Falhou a ligação com a selecção principal que a todos beneficiaria, já que Scolari e Agostinho Oliveira andam às turras.
Falhou o jogo mental, já que foi transmitido a um grupo de miúdos uma ideia errada que tinham a obrigação de ganhar e que era fácil.
Falhou o jogo inaugural, já que não houve equipa.
Falhou o jogo contra a Sérvia, já que não houve cabeça.
Falhou o último jogo, já que não houve jeito.
Mas no meio disto tudo é impossível não destacar Raúl Meireles.
Eu sei que o Bruno Vale, o Nani e o Varela também tiveram os seus momentos. Mas nestes 3 jogos só houve um elemento a jogar como gente grande.
Ele foi médio defensivo, ele foi médio atacante, ele foi central, ele apareceu na área como um ponta de lança, ele recuperou, ele passou curto e longo, ele fintou, ele rematou... Tinham-lhe dado umas luvas e ele tinha defendido.
Que ele é muito bom já todos sabíamos, que ele ia ser de longe o melhor deste Europeu não contávamos.
Parabéns Raúl.
Voltando à análise deste Euro, acho que ficou muito por dizer.
Por exemplo, não vi ninguém preocupado com o facto de chegarmos a um campeonato da Europa com um único ponta de lança (desculpem, mas para mim o Lourenço não conta como ponta de lança). E, pior, estamos a falar do Hugo Almeida.
Também não vi ninguém preocupado com o facto da nossa defesa ser composta por um central de uma equipa que desceu e que só há pouco se naturalizou, por um central de uma das defesas mais batidas da Liga, de um lateral direito que para além de ter jogado muito pouco também não está habituado a jogar com os colegas e um defesa esquerdo cuja única característica positiva que lhe reconhecem é ser do chelsea.
Também ninguém ficou preocupado com a vinda forçada do Quaresma para esta equipa e com o facto de assumirem que ele era a estrela maior da formação, quando todos sabemos como reage o Quaresma quando se acha o melhor.
Também ninguém achou estranho Portugal entrar com 3 médios defensivos num jogo que tinha que ganhar 3-0.
Também ninguém achou estranho o Agostinho não pôr um gajo que joga no Bolton e que por acaso faz qualquer posição na linha avançada.
Também ninguém criticou as substituições que a mim me pareceram sempre ridículas.
Também ninguém criticou um pseudo número 10 que marcou o único golo, mas que é incapaz de pegar na bola e conduzi-la, enfrentar os adversários e evitá-los como cabe a um verdadeiro número 10. Ainda por cima deu uma péssima imagem a Portugal ao passar a vida a atirar-se para o chão e ainda ir ao flash interview queixar-se.
Também ninguém criticou a falta de apoio dos senhores lá de cima, já que não se viu ninguém verdadeiramente ao lado desta equipa.
Também ninguém achou curioso a agressividade dos jornalistas e comentadores com estes miúdos, quando costumam ser tão calmos e pacientes com os meninos do Scolari.
Espero que sirva de lição. A todos.
Não sou pessoa de chorar sobre leite derramado (muito menos quando se trata da selecção), mas admito que contava com mais desta equipa. Afinal de contas, jogaram em casa, com estádios cheios, são bons jogadores e fizeram uma qualificação brilhante. Mas tudo falhou neste europeu.
Falhou a preparação, já que só muito tarde conseguiram reunir todos os jogadores. Falhou a ligação com a selecção principal que a todos beneficiaria, já que Scolari e Agostinho Oliveira andam às turras.
Falhou o jogo mental, já que foi transmitido a um grupo de miúdos uma ideia errada que tinham a obrigação de ganhar e que era fácil.
Falhou o jogo inaugural, já que não houve equipa.
Falhou o jogo contra a Sérvia, já que não houve cabeça.
Falhou o último jogo, já que não houve jeito.
Mas no meio disto tudo é impossível não destacar Raúl Meireles.
Eu sei que o Bruno Vale, o Nani e o Varela também tiveram os seus momentos. Mas nestes 3 jogos só houve um elemento a jogar como gente grande.
Ele foi médio defensivo, ele foi médio atacante, ele foi central, ele apareceu na área como um ponta de lança, ele recuperou, ele passou curto e longo, ele fintou, ele rematou... Tinham-lhe dado umas luvas e ele tinha defendido.
Que ele é muito bom já todos sabíamos, que ele ia ser de longe o melhor deste Europeu não contávamos.
Parabéns Raúl.
Voltando à análise deste Euro, acho que ficou muito por dizer.
Por exemplo, não vi ninguém preocupado com o facto de chegarmos a um campeonato da Europa com um único ponta de lança (desculpem, mas para mim o Lourenço não conta como ponta de lança). E, pior, estamos a falar do Hugo Almeida.
Também não vi ninguém preocupado com o facto da nossa defesa ser composta por um central de uma equipa que desceu e que só há pouco se naturalizou, por um central de uma das defesas mais batidas da Liga, de um lateral direito que para além de ter jogado muito pouco também não está habituado a jogar com os colegas e um defesa esquerdo cuja única característica positiva que lhe reconhecem é ser do chelsea.
Também ninguém ficou preocupado com a vinda forçada do Quaresma para esta equipa e com o facto de assumirem que ele era a estrela maior da formação, quando todos sabemos como reage o Quaresma quando se acha o melhor.
Também ninguém achou estranho Portugal entrar com 3 médios defensivos num jogo que tinha que ganhar 3-0.
Também ninguém achou estranho o Agostinho não pôr um gajo que joga no Bolton e que por acaso faz qualquer posição na linha avançada.
Também ninguém criticou as substituições que a mim me pareceram sempre ridículas.
Também ninguém criticou um pseudo número 10 que marcou o único golo, mas que é incapaz de pegar na bola e conduzi-la, enfrentar os adversários e evitá-los como cabe a um verdadeiro número 10. Ainda por cima deu uma péssima imagem a Portugal ao passar a vida a atirar-se para o chão e ainda ir ao flash interview queixar-se.
Também ninguém criticou a falta de apoio dos senhores lá de cima, já que não se viu ninguém verdadeiramente ao lado desta equipa.
Também ninguém achou curioso a agressividade dos jornalistas e comentadores com estes miúdos, quando costumam ser tão calmos e pacientes com os meninos do Scolari.
Espero que sirva de lição. A todos.
26 maio, 2006
26 de Maio de 2004
Gelsenkirchen. Demorámos dias só para conseguir soletrar direito a palavra.
Estávamos em Fevereiro de 2004. O campeonato nacional estava mais uma vez controlado e ainda acordávamos todos os dias a relembrar Sevilha.
A equipa era praticamente a mesma. Os rapazes faziam-nos sonhar, como qualquer adepto que imagina um dia ganhar o principal torneio de clubes. A diferença é que nós estávamos bem acordados.
Oitavos-de-final: Manchester United. Um dos maiores clubes da Europa, com estrelas a desfilar no plantel.
Vieram cá a falar de supermercados e até marcaram primeiro. O McCarthy fez questão de os mandar embora com 2 grandes sacos de compras.
Como todos os ingleses, não gostaram da ideia de perder com Tugas. Um tal de Fergunson, que de Sir tem muito pouco, acusou-nos de teatreiros e tentou reduzir a nossa dimensão.
Marcaram primeiro. Não fizemos muito durante o jogo, mas no fundo todos sabíamos que os quartos vinham aí. 90 minutos, livre: McCarthy, Howard, Costinha. Como é que se diz “toma lá!” em inglês?
Foi um dos maiores festejos de sempre dos milhares que estiveram no Teatro dos Sonhos. Ainda hoje choro por não me terem deixado embarcar. Alguém devia dizer àquela **** que impediu uma pessoa de ser mais feliz.
Quartos-de-final: Lyon. O campeão francês, que domina em termos nacionais e que começava aqui a sua aventura na Europa.
Jogámos de novo cá primeiro. 2-0, sem espinhas. Marcaram os melhores jogadores da equipa, Deco e Ricardo Carvalho, e que fizeram por ser os melhores da Europa nessa época.
A aventura para Lyon foi a vingança por ter falhado Manchester. O Maniche de outros tempos marcou os 2 golos que nos valeram o empate e o passaporte para as meias.
Seria normal e até ficava bonito eu agora escrever: “parecia irreal”. Mas não pode ser, porque mais real do que aquela equipa a arrumar as outras não havia.
Meias-finais: Deportivo. Uma equipa que ganhou destaque na última década e que só tinha acabado de fazer uma reviravolta impressionante na eliminatória contra o pequeno Milan.
Primeiro jogo cá, pois tá claro. Como já ninguém escondia o desejo, pedimos aos rapazes a final. O 0-0 acabou por nos deixar com os pés bem assentes na terra (se é que há terra quando se fala duma meia-final).
Chovia imenso lá, mas para nós o dia estava perfeito. A alegria por estar ali misturava-se com o medo de morrer na praia.
A Corunha estava azul e branca. Incrível a adesão dos adeptos. Até arrepiava ver os prédios, os carros, as pessoas, tudo de azul e branco.
Depois de meses no estaleiro, tinha que ser ele: o nosso Ninja (que alguns acéfalos fizeram questão de esquecer em troca de vá-se lá saber o quê) a resolver.
No final, fomos aplaudidos pelos adversários, que nos desejaram sorte para a final. Ainda hoje torço pelo Deportivo na Europa.
FINAL: Mónaco. Um clube mais pequeno do que nós, que só tinha eliminado o Real Madrid e o Chelsea e que só contava com a ajuda de Morientes, Giuly e Companhia LDA.
Pensava que não era possível sentir tanta ansiedade. Custava-me comer, custava-me falar, custava-me até dormir(!). Não era tanto por uma questão de falta de confiança, porque todos sentíamos que aquilo ia mesmo ser nosso; era mais porque acho que só nesta altura é que nos apercebemos onde estávamos.
A final da Liga dos Campeões.
Não é por acaso que só aqui escrevo isto. A f-i-n-a-l d-a L-i-g-a d-o-s C-a-m-p-e-õ-e-s. Aquilo que vemos todos os anos, sentados no sofá, de boca aberta com a qualidade das poucas equipas que conseguem lá chegar. Aquilo que sabemos que todo o mundo está a ver e a pensar: “quem me dera ser daquela equipa”.
Nós fomos o Top daquele ano. Naquela época não houve Ronaldinhos e Henrys. Houve Baía, Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Costinha, Maniche, Deco, Derlei e Carlos Alberto. Impossível esquecer este 11. Foram eles que entraram ali, naquele estádio super imponente; foram eles que o mundo, sentado no sofá, viu; foi com eles que todos ficaram de boca aberta. E nós éramos mesmo daquela equipa.
Carlos Alberto, Deco, Alenitchev. Sem hipóteses.
Gelsenkirchen. Há 2 anos passou a constar no nosso dicionário. Para quem não sabe, é sinónimo de inesquecível.
Estávamos em Fevereiro de 2004. O campeonato nacional estava mais uma vez controlado e ainda acordávamos todos os dias a relembrar Sevilha.
A equipa era praticamente a mesma. Os rapazes faziam-nos sonhar, como qualquer adepto que imagina um dia ganhar o principal torneio de clubes. A diferença é que nós estávamos bem acordados.
Oitavos-de-final: Manchester United. Um dos maiores clubes da Europa, com estrelas a desfilar no plantel.
Vieram cá a falar de supermercados e até marcaram primeiro. O McCarthy fez questão de os mandar embora com 2 grandes sacos de compras.
Como todos os ingleses, não gostaram da ideia de perder com Tugas. Um tal de Fergunson, que de Sir tem muito pouco, acusou-nos de teatreiros e tentou reduzir a nossa dimensão.
Marcaram primeiro. Não fizemos muito durante o jogo, mas no fundo todos sabíamos que os quartos vinham aí. 90 minutos, livre: McCarthy, Howard, Costinha. Como é que se diz “toma lá!” em inglês?
Foi um dos maiores festejos de sempre dos milhares que estiveram no Teatro dos Sonhos. Ainda hoje choro por não me terem deixado embarcar. Alguém devia dizer àquela **** que impediu uma pessoa de ser mais feliz.
Quartos-de-final: Lyon. O campeão francês, que domina em termos nacionais e que começava aqui a sua aventura na Europa.
Jogámos de novo cá primeiro. 2-0, sem espinhas. Marcaram os melhores jogadores da equipa, Deco e Ricardo Carvalho, e que fizeram por ser os melhores da Europa nessa época.
A aventura para Lyon foi a vingança por ter falhado Manchester. O Maniche de outros tempos marcou os 2 golos que nos valeram o empate e o passaporte para as meias.
Seria normal e até ficava bonito eu agora escrever: “parecia irreal”. Mas não pode ser, porque mais real do que aquela equipa a arrumar as outras não havia.
Meias-finais: Deportivo. Uma equipa que ganhou destaque na última década e que só tinha acabado de fazer uma reviravolta impressionante na eliminatória contra o pequeno Milan.
Primeiro jogo cá, pois tá claro. Como já ninguém escondia o desejo, pedimos aos rapazes a final. O 0-0 acabou por nos deixar com os pés bem assentes na terra (se é que há terra quando se fala duma meia-final).
Chovia imenso lá, mas para nós o dia estava perfeito. A alegria por estar ali misturava-se com o medo de morrer na praia.
A Corunha estava azul e branca. Incrível a adesão dos adeptos. Até arrepiava ver os prédios, os carros, as pessoas, tudo de azul e branco.
Depois de meses no estaleiro, tinha que ser ele: o nosso Ninja (que alguns acéfalos fizeram questão de esquecer em troca de vá-se lá saber o quê) a resolver.
No final, fomos aplaudidos pelos adversários, que nos desejaram sorte para a final. Ainda hoje torço pelo Deportivo na Europa.
FINAL: Mónaco. Um clube mais pequeno do que nós, que só tinha eliminado o Real Madrid e o Chelsea e que só contava com a ajuda de Morientes, Giuly e Companhia LDA.
Pensava que não era possível sentir tanta ansiedade. Custava-me comer, custava-me falar, custava-me até dormir(!). Não era tanto por uma questão de falta de confiança, porque todos sentíamos que aquilo ia mesmo ser nosso; era mais porque acho que só nesta altura é que nos apercebemos onde estávamos.
A final da Liga dos Campeões.
Não é por acaso que só aqui escrevo isto. A f-i-n-a-l d-a L-i-g-a d-o-s C-a-m-p-e-õ-e-s. Aquilo que vemos todos os anos, sentados no sofá, de boca aberta com a qualidade das poucas equipas que conseguem lá chegar. Aquilo que sabemos que todo o mundo está a ver e a pensar: “quem me dera ser daquela equipa”.
Nós fomos o Top daquele ano. Naquela época não houve Ronaldinhos e Henrys. Houve Baía, Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Costinha, Maniche, Deco, Derlei e Carlos Alberto. Impossível esquecer este 11. Foram eles que entraram ali, naquele estádio super imponente; foram eles que o mundo, sentado no sofá, viu; foi com eles que todos ficaram de boca aberta. E nós éramos mesmo daquela equipa.
Carlos Alberto, Deco, Alenitchev. Sem hipóteses.
Gelsenkirchen. Há 2 anos passou a constar no nosso dicionário. Para quem não sabe, é sinónimo de inesquecível.
25 maio, 2006
portugal 0 - frança 1
Dizem que foi um péssimo jogo. Dizem que Portugal jogou muito mal. Dizem que o público não apoiou. Discordo, discordo, discordo.
Não foi um jogo péssimo; foi um jogo normal para quem está habituado a ver os jogos do campeonato português. Ok, foi péssimo.
Portugal não jogou muito mal; a França é que jogou muito bem. Acho que até 3ª feira ninguém tinha descoberto isso. Só eu é que já sabia que eles para além de grandes jogadores têm uma grande equipa? Mas pronto, nós temos a parte dos bons jogadores. Afinal de contas temos o Raúl Meireles, o Quaresma, o Manuel Fernandes e o Bruno Vale. Só nos falta a parte da equipa. E, pronto, tivemos durante 90 minutos o Hugo Almeida, o Nélson e o João Moutinho. Ok, Portugal jogou muito mal.
O estádio estava cheio daqueles "adeptos-malucos-pela-selecção-de-todos-nós-que-não-percebem-nada-de-futebol". E como todos os adeptos de circunstância, antes do jogo já éramos praticamente campeões europeus, depois já temos os piores jogadores do mundo. Ok, o público não apoiou.
Gostei de ir a Braga. Porque gosto de futebol e, como tal, é bom variar de vez em quando. Só não estava era à espera de variar tanto.
Aquele não é o futebol que eu vi esta época. É certo que o Porto não foi brilhante, mas é tudo uma questão de atitude e aquela não é a atitude à qual já me habituei de novo.
Enfim, espero que os putos aprendam a lição e que, milagrosamente, hoje entrem em campo como uma equipa. E já agora que o público tenha metade da paciência que tem com a equipa do Scolari. Sim, porque esses levam 3 da Espanha em casa e 'tá-se bem, mas os miúdos não podem perder com a melhor equipa do torneio... e com o Hugo Almeida em campo(!).
Não foi um jogo péssimo; foi um jogo normal para quem está habituado a ver os jogos do campeonato português. Ok, foi péssimo.
Portugal não jogou muito mal; a França é que jogou muito bem. Acho que até 3ª feira ninguém tinha descoberto isso. Só eu é que já sabia que eles para além de grandes jogadores têm uma grande equipa? Mas pronto, nós temos a parte dos bons jogadores. Afinal de contas temos o Raúl Meireles, o Quaresma, o Manuel Fernandes e o Bruno Vale. Só nos falta a parte da equipa. E, pronto, tivemos durante 90 minutos o Hugo Almeida, o Nélson e o João Moutinho. Ok, Portugal jogou muito mal.
O estádio estava cheio daqueles "adeptos-malucos-pela-selecção-de-todos-nós-que-não-percebem-nada-de-futebol". E como todos os adeptos de circunstância, antes do jogo já éramos praticamente campeões europeus, depois já temos os piores jogadores do mundo. Ok, o público não apoiou.
Gostei de ir a Braga. Porque gosto de futebol e, como tal, é bom variar de vez em quando. Só não estava era à espera de variar tanto.
Aquele não é o futebol que eu vi esta época. É certo que o Porto não foi brilhante, mas é tudo uma questão de atitude e aquela não é a atitude à qual já me habituei de novo.
Enfim, espero que os putos aprendam a lição e que, milagrosamente, hoje entrem em campo como uma equipa. E já agora que o público tenha metade da paciência que tem com a equipa do Scolari. Sim, porque esses levam 3 da Espanha em casa e 'tá-se bem, mas os miúdos não podem perder com a melhor equipa do torneio... e com o Hugo Almeida em campo(!).
23 maio, 2006
21 de Maio de 2003
Três anos...
Fomos passando várias eliminatórias e sem darmos por isso estávamos nos quartos-de-final. Saiu-nos o Panathinaikos e não ficámos muito contentes - os gregos dão-nos azar. 0-1 cá. Que desilusão... Mas o treinador pediu-nos que acreditássemos e nós acreditámos. Nós e os 11 heróis da Grécia. Que saudades daquele Derlei que mesmo lesionado nos deu um dos melhores 0-2 de sempre...
Veio a Lazio, enquanto os rivais da rotunda ficavam com o Celtic. 0-1 para eles, mas nós nem nos incomodamos. Aquela equipa era imperial e o 4-1 final acabou por não nos surpreender. Fomos lá passear...
Sevilha... e o Celtic que, felizmente, arrumou os remendados e tornou aquela final ainda mais mágica.
O calor, a sede, os abastecimentos nas estações de serviço espanholas, os avé maria na camioneta, os amigos escoceses/irlandeses... A euforia, a ansiedade, o friozinho na barriga...
90 minutos eléctricos, 4 golos, sempre a cantar... O golo do Derlei que nos levou a uma dimensão que eu desconhecia... A loucura do regresso, dias e dias de festa...
... e parece que foi ontem :)
Fomos passando várias eliminatórias e sem darmos por isso estávamos nos quartos-de-final. Saiu-nos o Panathinaikos e não ficámos muito contentes - os gregos dão-nos azar. 0-1 cá. Que desilusão... Mas o treinador pediu-nos que acreditássemos e nós acreditámos. Nós e os 11 heróis da Grécia. Que saudades daquele Derlei que mesmo lesionado nos deu um dos melhores 0-2 de sempre...
Veio a Lazio, enquanto os rivais da rotunda ficavam com o Celtic. 0-1 para eles, mas nós nem nos incomodamos. Aquela equipa era imperial e o 4-1 final acabou por não nos surpreender. Fomos lá passear...
Sevilha... e o Celtic que, felizmente, arrumou os remendados e tornou aquela final ainda mais mágica.
O calor, a sede, os abastecimentos nas estações de serviço espanholas, os avé maria na camioneta, os amigos escoceses/irlandeses... A euforia, a ansiedade, o friozinho na barriga...
90 minutos eléctricos, 4 golos, sempre a cantar... O golo do Derlei que nos levou a uma dimensão que eu desconhecia... A loucura do regresso, dias e dias de festa...
... e parece que foi ontem :)
Europeu sub21
Começa hoje o Europeu de futebol na categoria de sub21. As expectativas em torno da selecção portuguesa são muitas, já que o plantel ao serviço de Agostinho Oliveira está repleto de craques:
1-Bruno Vale: o guarda-redes do Porto fez uma excelente época ao serviço do estrela da amadora e será o mais que provável guardião da baliza nacional. Com o Mundial à espreita...
2-Nélson: o defesa do benfica prometeu muito no início da época mas acabou por ser remetido para o banco. Ser suplente do Alcides é muito mau sinal...
3-Raúl Meireles: com uma época estupenda, surpreendeu tudo e todos. Um dos pilares dos campeões nacionais tem a titularidade mais do que justificada.
4-Semedo: sinceramente, não o vi jogar.
5-Pedro Ribeiro: entre o marco e o Porto B, uma época regular que lhe valeu a convocatória para o Euro.
6-José Castro: uma das maiores revelações da passada temporada valeu-lhe um contrato com o atlético de madrid.
7-Ricardo Quaresma: a estrelinha da equipa. Provavelmente, ninguém estaria à espera que ele estivesse nesta lista, mas já que está, espero que aproveite.
8-Manuel Fernandes: se Quaresma atrai mais as atenções, para mim este é actualmente o melhor jogador dos sub21 portugueses. É pena estar onde está.
9-Hugo Almeida: uma época com muitos altos e ainda mais baixos deixam-nos com algumas dúvidas se terá a pontaria afinada.
10-João Moutinho: uma grande época fê-lo sonhar com a selecção A. Ficou-se pelos sub21 e agora só tem de mostrar o que vale.
11-Diogo Valente: regular e cauteloso, já tem contrato com o Porto. Sinceramente, não me parece um fora de série, mas pode ser que este campeonato me prove o contrário.
12-Paulo Ribeiro: o guarda-redes (não) campeão nacional será um suplente de luxo.
13-Rolando: recentemente naturalizado, o central do belenenses procura afirmação junto dos "novos" colegas.
14-Custódio: sinceramente, acho-o muito fraquinho, um dos elos mais fracos deste plantel. Querem provas? É titular do sporting.
15-Morais: é do chelsea. Medo...
16-Bruno Amaro: não se pode dizer que tenha tido uma grande época, mas veremos do que é capaz numa equipa melhor.
17-Varela: promete muito e tem feito muito pouco.
18-Nani: gosto muito de o ver jogar (fora quando está de verde).
19-Ricardo Vaz Té: um dos poucos emigrantes desta selecção.
20-Lourenço: outro que promete explodir há anos e nunca mais.
21-Filipe Oliveira: boa época no marítimo, mas é muito provável que passe muito tempo no banco.
22-Daniel Fernandes: o 3ª guarda-redes nunca pode ter grandes expectativas. Boas férias Daniel.
Já sabem que não sou grande adepta das selecções. Não consigo perceber aquela euforia, mas admito que estes miúdos merecem estar aqui e ir o mais longe possível.
Hoje vou a braga vê-los e espero que os maluquinhos da selecção apoiem tanto ou mais estes do que aqueles que já só vestem a camisola das quinas por dinheiro.
Boa sorte rapazes
1-Bruno Vale: o guarda-redes do Porto fez uma excelente época ao serviço do estrela da amadora e será o mais que provável guardião da baliza nacional. Com o Mundial à espreita...
2-Nélson: o defesa do benfica prometeu muito no início da época mas acabou por ser remetido para o banco. Ser suplente do Alcides é muito mau sinal...
3-Raúl Meireles: com uma época estupenda, surpreendeu tudo e todos. Um dos pilares dos campeões nacionais tem a titularidade mais do que justificada.
4-Semedo: sinceramente, não o vi jogar.
5-Pedro Ribeiro: entre o marco e o Porto B, uma época regular que lhe valeu a convocatória para o Euro.
6-José Castro: uma das maiores revelações da passada temporada valeu-lhe um contrato com o atlético de madrid.
7-Ricardo Quaresma: a estrelinha da equipa. Provavelmente, ninguém estaria à espera que ele estivesse nesta lista, mas já que está, espero que aproveite.
8-Manuel Fernandes: se Quaresma atrai mais as atenções, para mim este é actualmente o melhor jogador dos sub21 portugueses. É pena estar onde está.
9-Hugo Almeida: uma época com muitos altos e ainda mais baixos deixam-nos com algumas dúvidas se terá a pontaria afinada.
10-João Moutinho: uma grande época fê-lo sonhar com a selecção A. Ficou-se pelos sub21 e agora só tem de mostrar o que vale.
11-Diogo Valente: regular e cauteloso, já tem contrato com o Porto. Sinceramente, não me parece um fora de série, mas pode ser que este campeonato me prove o contrário.
12-Paulo Ribeiro: o guarda-redes (não) campeão nacional será um suplente de luxo.
13-Rolando: recentemente naturalizado, o central do belenenses procura afirmação junto dos "novos" colegas.
14-Custódio: sinceramente, acho-o muito fraquinho, um dos elos mais fracos deste plantel. Querem provas? É titular do sporting.
15-Morais: é do chelsea. Medo...
16-Bruno Amaro: não se pode dizer que tenha tido uma grande época, mas veremos do que é capaz numa equipa melhor.
17-Varela: promete muito e tem feito muito pouco.
18-Nani: gosto muito de o ver jogar (fora quando está de verde).
19-Ricardo Vaz Té: um dos poucos emigrantes desta selecção.
20-Lourenço: outro que promete explodir há anos e nunca mais.
21-Filipe Oliveira: boa época no marítimo, mas é muito provável que passe muito tempo no banco.
22-Daniel Fernandes: o 3ª guarda-redes nunca pode ter grandes expectativas. Boas férias Daniel.
Já sabem que não sou grande adepta das selecções. Não consigo perceber aquela euforia, mas admito que estes miúdos merecem estar aqui e ir o mais longe possível.
Hoje vou a braga vê-los e espero que os maluquinhos da selecção apoiem tanto ou mais estes do que aqueles que já só vestem a camisola das quinas por dinheiro.
Boa sorte rapazes
15 maio, 2006
O meu amigo Scolari
Há meses que ando preocupada com o Mundial. Só de pensar num jogador meu lesionado ou num jogador meu a ser vendido à custa do Mundial, até tremia.
Mas ao longo do tempo comecei a aperceber-me que não tinha assim tantas razões para me preocupar. Afinal de contas, o seleccionador nacional chama-se Scolari.
Ora bem, hoje foi divulgada a lista de convocados para a selecção A. Como todos já sabíamos, Quaresma não está lá. Óptimo.
Mas porra, está lá um portista. Um portista?? Mas porquê?? Que mal fiz eu para ter um portista na selecção? Ah, esperem, é o Ricardo Costa. Como é que depois de meses em que ele mal jogou eu não estava a contar com isto?
Que grande desilusão, Scolari. Ias para lá sem nenhum dos nossos e eu desta vez até punha uma bandeira de Portugal na varanda.
Para quem ainda consegue criticar o meu amigo Scolari, a minha análise não vos vai deixar dúvidas:
Ricardo- este é merecido. Ele também não dá hipóteses aos outros: ainda agora em vila do conde fez questão de mostrar porque é que é o titular da selecção.
Quim- este não joga, por isso tem mais é que ir à selecção.
Bruno Vale- dos raros jogadores que joga mesmo no clube que representa e que ainda por cima até joga bem. Sendo assim, não percebo o que é que está lá a fazer.
Miguel- ao sair do benfica, deixou de ser um dos adorados dos media portugueses. Mas Scolari não se esqueceu dele e convocou-o, até porque ele nem sempre joga.
Fernando Meira- Outro que não percebo porque é que foi convocado.
Caneira- No valência nada, no sportem ainda veio a tempo de sair humilhado. Bem convocado.
Nuno Valente- Ainda não se percebeu muito tempo se já está recuperado. Bem convocado, titular indiscutível.
Paulo Ferreira- Já não está no Porto. Bem convocado, titular indiscutível.
Ricardo Carvalho- Já não está no Porto. Bem convocado, titular indiscutível.
Ricardo Costa- muito mal convocado. Ao menos não joga, o que é sempre um factor a ter em conta.
Boa Morte- Grande época, fala-se de um interesse do Real Madrid. É pena o Robert não ser português senão estavas lixado.
Deco- Da época do Deco não falo. Só relembro que na equipa ideal do Scolari ele não era titular.
Costinha- Não joga há meses e já não está no Porto. Titular indiscutível.
Maniche- Mal joga, curte ser expulso e já não está no Porto. Titular indiscutível.
Cristiano Ronaldo- É o Cristiano Ronaldo, mas mesmo assim teve sorte porque o Moutinho fez minutos a mais para ser convocado.
Figo- Não foi este que deixou a selecção? Ah pois... Ai Catarina, essa tua mania de fazeres perguntas inconvenientes!
Hugo Viana- Jogou pouco, por isso enquadra-se nos critérios.
Petit- Caso seja preciso dar um soco num árbitro outra vez, desta vez ao menos vamos preparados com um expert.
Simão- O Brasil, a França e a Argentina andaram a tentar contratá-lo, mas ele não quis.
Tiago- Exibições brilhantes no Lyon. Não se percebe esta convocatória. Com sorte, vem parar ao Porto e deixa de ter este incómodo.
Pauleta- Continua a marcar por França, enquanto cá é aquele zero que todos sabemos. Por isso, bem convocado.
Nuno Gomes- uns jogos irreconhecível, mas uma época no geral ao seu nível. Bem convocado.
Postiga- sem hipóteses no Porto, foi para França à procura da glória. Marcou 2 ou 3 golos. Bem convocado.
E daqui a uns dias cá estarei, do Irão, do Méxio e de Angola desde pequenina... E com a bandeira em honra ao Scolari.
Mas ao longo do tempo comecei a aperceber-me que não tinha assim tantas razões para me preocupar. Afinal de contas, o seleccionador nacional chama-se Scolari.
Ora bem, hoje foi divulgada a lista de convocados para a selecção A. Como todos já sabíamos, Quaresma não está lá. Óptimo.
Mas porra, está lá um portista. Um portista?? Mas porquê?? Que mal fiz eu para ter um portista na selecção? Ah, esperem, é o Ricardo Costa. Como é que depois de meses em que ele mal jogou eu não estava a contar com isto?
Que grande desilusão, Scolari. Ias para lá sem nenhum dos nossos e eu desta vez até punha uma bandeira de Portugal na varanda.
Para quem ainda consegue criticar o meu amigo Scolari, a minha análise não vos vai deixar dúvidas:
Ricardo- este é merecido. Ele também não dá hipóteses aos outros: ainda agora em vila do conde fez questão de mostrar porque é que é o titular da selecção.
Quim- este não joga, por isso tem mais é que ir à selecção.
Bruno Vale- dos raros jogadores que joga mesmo no clube que representa e que ainda por cima até joga bem. Sendo assim, não percebo o que é que está lá a fazer.
Miguel- ao sair do benfica, deixou de ser um dos adorados dos media portugueses. Mas Scolari não se esqueceu dele e convocou-o, até porque ele nem sempre joga.
Fernando Meira- Outro que não percebo porque é que foi convocado.
Caneira- No valência nada, no sportem ainda veio a tempo de sair humilhado. Bem convocado.
Nuno Valente- Ainda não se percebeu muito tempo se já está recuperado. Bem convocado, titular indiscutível.
Paulo Ferreira- Já não está no Porto. Bem convocado, titular indiscutível.
Ricardo Carvalho- Já não está no Porto. Bem convocado, titular indiscutível.
Ricardo Costa- muito mal convocado. Ao menos não joga, o que é sempre um factor a ter em conta.
Boa Morte- Grande época, fala-se de um interesse do Real Madrid. É pena o Robert não ser português senão estavas lixado.
Deco- Da época do Deco não falo. Só relembro que na equipa ideal do Scolari ele não era titular.
Costinha- Não joga há meses e já não está no Porto. Titular indiscutível.
Maniche- Mal joga, curte ser expulso e já não está no Porto. Titular indiscutível.
Cristiano Ronaldo- É o Cristiano Ronaldo, mas mesmo assim teve sorte porque o Moutinho fez minutos a mais para ser convocado.
Figo- Não foi este que deixou a selecção? Ah pois... Ai Catarina, essa tua mania de fazeres perguntas inconvenientes!
Hugo Viana- Jogou pouco, por isso enquadra-se nos critérios.
Petit- Caso seja preciso dar um soco num árbitro outra vez, desta vez ao menos vamos preparados com um expert.
Simão- O Brasil, a França e a Argentina andaram a tentar contratá-lo, mas ele não quis.
Tiago- Exibições brilhantes no Lyon. Não se percebe esta convocatória. Com sorte, vem parar ao Porto e deixa de ter este incómodo.
Pauleta- Continua a marcar por França, enquanto cá é aquele zero que todos sabemos. Por isso, bem convocado.
Nuno Gomes- uns jogos irreconhecível, mas uma época no geral ao seu nível. Bem convocado.
Postiga- sem hipóteses no Porto, foi para França à procura da glória. Marcou 2 ou 3 golos. Bem convocado.
E daqui a uns dias cá estarei, do Irão, do Méxio e de Angola desde pequenina... E com a bandeira em honra ao Scolari.
setúbal 0 - FCPORTO 1
Não gosto do ambiente da Taça. Aquela euforia toda (mais pela bebida que pela bola), aqueles milhares de adeptos que parece que só existem para ir ao Jamor e a tal "festa da Taça" não me entusiasmam minimamente.
Fui ao Jamor porque bola é bola e porque, afinal de contas, estava um troféu em disputa. Depois de uma semana de Queima, acreditem que foi dos maiores sacrifícios que já fiz.
Começou mal a final da Taça. A falta de organização (que há dois anos me fez estacionar o carro ao lado de um rapaz dos NN...) é assustadora. Estivemos 2 horas parados, a meia dúzia de metros do estádio. Quando finalmente entrámos no recinto de estacionamento, um polícia pergunta: "é para estacionar?" (como se nós pensássemos em levar o carro para o relvado...) e diz "deviam ter vindo mais cedo"...
À entrada estivemos mais uns minutos debaixo daquele sol, à espera de uns senhores que demoravam eternidades a ver um bilhete, enquanto nos apertávamos uns aos outros. Sou só eu que acho ridículo que com tanto estádio que esteve no Euro a final da Taça continue a ser feita nestas condições?
Enfim, adiante. O jogo teve oportunidades, foi bem disputado e, apesar do setúbal ter jogado muito bem, pareceu-me novamente que mais cedo ou mais tarde aquilo estava ganho sem sofrimento.
Aos 40 minutos, Adriano marcou o único golo da partida após mais uma assistência da estrela dos sub21.
O árbitro não teve influência no resultado e os adeptos fizeram a tal "festa da Taça".
Não fosse mais uma demonstração de prepotência e incompetência da nossa polícia e tinha sido realmente uma festa. Eu disto nem vou falar porque já sabem a minha opinião e as imagens mostram tudo.
Incrivelmente, hoje pouco ouvi falar da Taça. Nada que não estivesse à espera depois de uma semana a falar-se de Koeman e Sá Pinto. Já sabemos como isto funciona. O que é certo é que ela já cá canta :)
Fui ao Jamor porque bola é bola e porque, afinal de contas, estava um troféu em disputa. Depois de uma semana de Queima, acreditem que foi dos maiores sacrifícios que já fiz.
Começou mal a final da Taça. A falta de organização (que há dois anos me fez estacionar o carro ao lado de um rapaz dos NN...) é assustadora. Estivemos 2 horas parados, a meia dúzia de metros do estádio. Quando finalmente entrámos no recinto de estacionamento, um polícia pergunta: "é para estacionar?" (como se nós pensássemos em levar o carro para o relvado...) e diz "deviam ter vindo mais cedo"...
À entrada estivemos mais uns minutos debaixo daquele sol, à espera de uns senhores que demoravam eternidades a ver um bilhete, enquanto nos apertávamos uns aos outros. Sou só eu que acho ridículo que com tanto estádio que esteve no Euro a final da Taça continue a ser feita nestas condições?
Enfim, adiante. O jogo teve oportunidades, foi bem disputado e, apesar do setúbal ter jogado muito bem, pareceu-me novamente que mais cedo ou mais tarde aquilo estava ganho sem sofrimento.
Aos 40 minutos, Adriano marcou o único golo da partida após mais uma assistência da estrela dos sub21.
O árbitro não teve influência no resultado e os adeptos fizeram a tal "festa da Taça".
Não fosse mais uma demonstração de prepotência e incompetência da nossa polícia e tinha sido realmente uma festa. Eu disto nem vou falar porque já sabem a minha opinião e as imagens mostram tudo.
Incrivelmente, hoje pouco ouvi falar da Taça. Nada que não estivesse à espera depois de uma semana a falar-se de Koeman e Sá Pinto. Já sabemos como isto funciona. O que é certo é que ela já cá canta :)
boavista 1 - FCPORTO 1
Na última jornada da Liga, o Porto não foi além de um empate no estádio do bessa. Frente a um adversário que parece pouco capaz de fazer melhor, os dragões apresentaram-se com uma espécie de equipa B. Apesar disso, o futebol apresentado foi muito bom. Até porque no relvado estava um menino de nome Anderson, que começa a corresponder às enormes expectativas.
Nas bancadas, poucos adeptos num jogo que nada decidia por si só.
O ambiente ficou mais uma vez ao cargo das claques, que se esforçaram por justificar o dinheiro gasto nos bilhetes.
Por cá, um cântico novo. Cópia acústica da última moda nas curvas, aí está ele:
Juntos nós vamos
A todo o lado
Porto te amo
Por ti eu canto
Porto allez...
Nas bancadas, poucos adeptos num jogo que nada decidia por si só.
O ambiente ficou mais uma vez ao cargo das claques, que se esforçaram por justificar o dinheiro gasto nos bilhetes.
Por cá, um cântico novo. Cópia acústica da última moda nas curvas, aí está ele:
Juntos nós vamos
A todo o lado
Porto te amo
Por ti eu canto
Porto allez...
05 maio, 2006
Queima 2006
Amanhã começa a Queima das Fitas do Porto. Por motivos óbvios e, por incrível que pareça, porque vou ter muito trabalho, não conto escrever na próxima semana.
Para a última jornada, fica o desejo de mais uma festa, do nacional na Europa e do vitória na 1ª Liga.
Boa semana!
Para a última jornada, fica o desejo de mais uma festa, do nacional na Europa e do vitória na 1ª Liga.
Boa semana!
03 maio, 2006
FCPORTO 3 - guimarães 1
Dia de festa no Dragão - mais uma na curta história deste estádio. Quase 50 mil portistas lá dentro e muitos mais cá fora, entoaram o hino do nosso clube com o cachecol azul e branco erguido. Uma imagem para mais tarde recordar.
Do jogo não há muito a dizer. As emoções não estavam propriamente concentradas no resultado, porque mais uma vez tivemos uma equipa capaz de nos dar algumas semanas de festa.
Já descansadinhos da vida, enquanto outros ainda andam aflitos para salvarem a época, os jogadores do Porto não quiseram dar razão a algumas vozes que durante a semana inventaram negócios que envolviam o facilitar a vitória ao guimarães e cedo mostraram que estavam ali com todo o profissionalismo característico dos grandes campeões.
Os jogadores do vitória lutaram pelos pontos que estavam obrigados a conquistar e a 1ª parte foi sobretudo uma constante disputa pela posse de bola, com poucos lances de golo eminente.
Só aos 69 minutos tivemos motivos para saltar. Lucho converteu uma grande penalidade que pelos vistos não foi (eu não vou comentar a arbitragem porque, sinceramente, não vi nada do jogo, mas já ouvi dizer que foi péssima para os dois lados... Mais uma para a lista deste ano).
O vitória não baixou os braços e aos 84 minutos Antchouet ainda empatou a partida.
Mas é difícil travar a euforia destes jovens jogadores, quando muitos estão a viver um sonho.
Aos 88 e aos 93, Lucho e Adriano deram a vitória aos novos campeões nacionais.
Depois do apito final, os portistas ainda tiveram direito a aplaudir os jogadores um a um. De notar a grande empatia com todos sem excepção (são campeões, não há discussão nestas alturas). Vitor Baía foi sem dúvida o mais aplaudido, provando que pode ser o número 2 deste sistema, mas no nosso coração é e será sempre o número 1.
Não posso deixar de confessar a minha tristeza como adepta pela eventual descida do vitória. Como já disse mil vezes, gosto de ver estádios com gente que puxam realmente pelo seu clube. Com garra, com amor, com dedicação. E nisto os vitorianos ganham aos pontos. Boa sorte para a última jornada.
Quanto a nós, CAMPEÕES, resta-nos dar um salto aos vizinhos traiçoeiros, gastar um dinheirão com o bilhete e festejar mais uma vez. É chato.
Do jogo não há muito a dizer. As emoções não estavam propriamente concentradas no resultado, porque mais uma vez tivemos uma equipa capaz de nos dar algumas semanas de festa.
Já descansadinhos da vida, enquanto outros ainda andam aflitos para salvarem a época, os jogadores do Porto não quiseram dar razão a algumas vozes que durante a semana inventaram negócios que envolviam o facilitar a vitória ao guimarães e cedo mostraram que estavam ali com todo o profissionalismo característico dos grandes campeões.
Os jogadores do vitória lutaram pelos pontos que estavam obrigados a conquistar e a 1ª parte foi sobretudo uma constante disputa pela posse de bola, com poucos lances de golo eminente.
Só aos 69 minutos tivemos motivos para saltar. Lucho converteu uma grande penalidade que pelos vistos não foi (eu não vou comentar a arbitragem porque, sinceramente, não vi nada do jogo, mas já ouvi dizer que foi péssima para os dois lados... Mais uma para a lista deste ano).
O vitória não baixou os braços e aos 84 minutos Antchouet ainda empatou a partida.
Mas é difícil travar a euforia destes jovens jogadores, quando muitos estão a viver um sonho.
Aos 88 e aos 93, Lucho e Adriano deram a vitória aos novos campeões nacionais.
Depois do apito final, os portistas ainda tiveram direito a aplaudir os jogadores um a um. De notar a grande empatia com todos sem excepção (são campeões, não há discussão nestas alturas). Vitor Baía foi sem dúvida o mais aplaudido, provando que pode ser o número 2 deste sistema, mas no nosso coração é e será sempre o número 1.
Não posso deixar de confessar a minha tristeza como adepta pela eventual descida do vitória. Como já disse mil vezes, gosto de ver estádios com gente que puxam realmente pelo seu clube. Com garra, com amor, com dedicação. E nisto os vitorianos ganham aos pontos. Boa sorte para a última jornada.
Quanto a nós, CAMPEÕES, resta-nos dar um salto aos vizinhos traiçoeiros, gastar um dinheirão com o bilhete e festejar mais uma vez. É chato.
28 abril, 2006
As entranhas do futebol
No Domingo fui ver o Desportivo-Serzedo, jogo a contar para a II Divisão Distrital. O Serzedo já tinha a subida garantida, o Desportivo precisava de ganhar para continuar em vantagem no 2º lugar.
Ao entrar no campo pensei logo que nunca mais me ia queixar de um estádio da 1ª Liga, mas logo vi que somos nós (adeptos dos grandes clubes) quem fica a perder.
O "estádio" estava "cheio". Sentei-me no "topo", perto da "claque" visitante.
O Desportivo já estava a ganhar por 1-0. Um grande golo segundo os adeptos do Desportivo; um golpe de sorte segundo os apoiantes do Serzedo. Uns e outros diziam-se já roubadíssimos pelo $#%%#$%%# do árbitro. Uns e outros discutem as tácticas, os jogadores e os lances como se de uma final da Champions se tratasse.
Cedo me apercebi que nos distritais não há lá muito espectáculo (o Ronaldinho ali até podia fazer uma finta, mas a seguir parava 6 meses por lesão), não há bola no chão (até porque o pelado obriga a bola a andar aos saltos), não há jogos a terminar com 22 jogadores em campo, não há grandes demonstrações de fair-play e boa educação. Mas há futebol a sério. Os jogadores estão ali por paixão, sentem mesmo a camisola e abdicam de muita coisa para manterem vivos aqueles clubes. Os adeptos amam o clube e descrevem os jogadores como se todos fossem um Cristiano Ronaldo. E odeiam mesmo os outros, insultam-nos com vocábulos que desconheço, tornam todos os jogos em jogos de alto risco e fazem daquilo um inferno.
As personagens que só conhecia através de excelentes programas como o Namadores ou a Liga dos últimos estavam mesmo ali. Um velhote com um mini-megafone (é a tecnologia a chegar aos distritais...) que não se calava: "Desportivooooo", "oh cabra, se não te portas bem sais daqui morto" e "eles só têm o dinheiro dos outros" (seja lá o que isto for) eram as palavras de ordem. O homem passou assim o jogo... Quer dizer, minto. Na 2ª parte demorou 10 minutos a regressar da tasca. Também lá estavam os ligeiramente alcoolizados, cujas palavras não vos transmito porque não dão para perceber, vá-se lá saber porquê. Os pais dos jogadores que tornam os hooligans uns meninos no que diz respeito a violência. Os miúdos que aproveitam o intervalo para ir dar uns toques na bola enquanto sonham um dia vir a vestir a camisola..do Desportivo. As mulheres que, digo-vos, são muito pior que os homens!
Todos representam o verdadeiro futebol. Sem grandes patrocínios, sem transmissões televisivas, sem galácticos, sem dinheiro. Mas com muita paixão.
Ao entrar no campo pensei logo que nunca mais me ia queixar de um estádio da 1ª Liga, mas logo vi que somos nós (adeptos dos grandes clubes) quem fica a perder.
O "estádio" estava "cheio". Sentei-me no "topo", perto da "claque" visitante.
O Desportivo já estava a ganhar por 1-0. Um grande golo segundo os adeptos do Desportivo; um golpe de sorte segundo os apoiantes do Serzedo. Uns e outros diziam-se já roubadíssimos pelo $#%%#$%%# do árbitro. Uns e outros discutem as tácticas, os jogadores e os lances como se de uma final da Champions se tratasse.
Cedo me apercebi que nos distritais não há lá muito espectáculo (o Ronaldinho ali até podia fazer uma finta, mas a seguir parava 6 meses por lesão), não há bola no chão (até porque o pelado obriga a bola a andar aos saltos), não há jogos a terminar com 22 jogadores em campo, não há grandes demonstrações de fair-play e boa educação. Mas há futebol a sério. Os jogadores estão ali por paixão, sentem mesmo a camisola e abdicam de muita coisa para manterem vivos aqueles clubes. Os adeptos amam o clube e descrevem os jogadores como se todos fossem um Cristiano Ronaldo. E odeiam mesmo os outros, insultam-nos com vocábulos que desconheço, tornam todos os jogos em jogos de alto risco e fazem daquilo um inferno.
As personagens que só conhecia através de excelentes programas como o Namadores ou a Liga dos últimos estavam mesmo ali. Um velhote com um mini-megafone (é a tecnologia a chegar aos distritais...) que não se calava: "Desportivooooo", "oh cabra, se não te portas bem sais daqui morto" e "eles só têm o dinheiro dos outros" (seja lá o que isto for) eram as palavras de ordem. O homem passou assim o jogo... Quer dizer, minto. Na 2ª parte demorou 10 minutos a regressar da tasca. Também lá estavam os ligeiramente alcoolizados, cujas palavras não vos transmito porque não dão para perceber, vá-se lá saber porquê. Os pais dos jogadores que tornam os hooligans uns meninos no que diz respeito a violência. Os miúdos que aproveitam o intervalo para ir dar uns toques na bola enquanto sonham um dia vir a vestir a camisola..do Desportivo. As mulheres que, digo-vos, são muito pior que os homens!
Todos representam o verdadeiro futebol. Sem grandes patrocínios, sem transmissões televisivas, sem galácticos, sem dinheiro. Mas com muita paixão.
Subscrever:
Mensagens (Atom)